terça-feira, 7 de dezembro de 2010

No mundo da imaginação: a realidade fantástica de Xuxa Verde


Ela é esverdeada, vive um cotidiano fantasioso que rompe a cronologia, cria e recria situações inusitadas e, sobretudo, achincalha com a imagem de uma celebridade que imbecilizou a infância de muita gente. Abriram a caixa de Pandora e jogaram no ventilador uma parte rechaçada do passado de Maria da Graça Meneghel, a rainha que fez brotar o espírito consumista nos baixinhos. Estou falando de Xuxa Verde, um personagem bizarro que traz à tona todo o poder criativo – e também destrutivo – da blogosfera e twittosfera.

Você deve estar perguntando: o que é e quem diabos é Xuxa Verde?

Xuxa Verde é um perfil anônimo do Twitter. Um personagem que revisita os videoteipes do Clube da Criança, da extinta Rede Manchete. Os VTs são tão antigos e de uma qualidade tão inferior que as cenas ficaram esverdeadas (daí o nome nonsense). A inspiração, segundo a mente criativa que deu origem ao avatar, foi um vídeo do YouTube chamado “Xuxa, uma candura de mulher”. As imagens mostram a apresentadora no início da carreira, antes das Paquitas, totalmente despreparada, alienada e com uma irritante voz de afinar violino.



O personagem verde, por enquanto, segue anônimo, talvez por receio de alguma represália jurídica da Xuxa titular. O mais bizarro, em todo o contexto, é que o cover conseguiu popularizar bordões como “vixe”, “ajuda eu” e “vem, gente”, frases que, de fato, saíram da Xuxa original. E é justamente essa mistura de ficção e realidade que deixa os comentários da rainha verde ainda mais bizarros.

No mundo da imaginação
No Twitter, Xuxa Verde revela um cotidiano totalmente atemporal, sempre na companhia de Marlene, Sorvetão, Miúcha, Catuxa e outros personagens que já fizeram parte da vida da apresentadora. Algumas situações são tão absurdas que chegam a perder completamente a noção do bom senso, como o método educacional criado para educar a pequena Sasha: o bambu vietnamita (vixe!).
O sucesso de Xuxa Verde é tão grande que inspirou a criação de novos personagens no Twitter, como a hilária Claudia Sentalá. A pupila foi inspirada no bordão “ahan, Claudia, senta lá”, proferido por Xuxa no momento em que uma menina lhe pede algo. No contexto fantasioso do autor, a garota cresce traumatizada e vira dançarina de pole dance, “sentando lá” no colo de muitas celebridades famosas.

Reescrevendo o passado
Durante muito tempo, Xuxa Meneghel conseguiu abafar seus ensaios na Playboy e sua participação no filme “Amor Estranho Amor”. Com a popularização da internet e das redes de compartilhamento de vídeo, contudo, todo esse passado repelido veio à tona. A apresentadora, inclusive, obteve uma vitória contra o Google. A loira moveu um processo contra a empresa, após o buscador associar a palavra Xuxa ao adjetivo “pedófila”.
Os internautas que digitavam a combinação no buscador encontravam mais de 50 mil textos e vídeos, além de cerca de 20 mil fotografias da apresentadora, em parte delas nua ou em cenas de sexo, retiradas do filme que participou em 1982.

O paradoxo é que, quanto mais Xuxa tenta impedir que Amor Estranho Amor seja lembrado, mais informações sobre a atuação dela no filme são produzidas e acabam ficando à disposição na internet.
A vida pessoal de Xuxa Meneghel, desde o início da carreira, gera polêmicas na mídia. Por muitas vezes, a apresentadora foi vítima de fofocas maldosas, muitas delas estampadas pelas mesmas publicações que a adularam há alguns anos. Conforme Rojek (2008, p. 88), “A mídia que constrói as celebridades com frequência não resiste a arquitetar a sua queda”. O estrago na fama, como denomina Redmond (2006), é uma tendência esperada durante a vida da celebridade, estando vinculada à intensidade de sua popularidade. A carreira de Xuxa, assim como a de muitos artistas, não é acompanhada apenas de luxo e idolatria. A imagem do seu sucesso é tão lucrativa quanto à do seu fracasso.

Xuxa Verde já começa a desfrutar dos efeitos (bons e ruins) da fama. Com mais de 33 mil seguidores, o personagem já virou notícia em diversas publicações. O sucesso é tão grande que seu avatar protagonizou a primeira edição da “Casa dos Twitteiros”, que virou febre no You Tube. Toda essa projeção, contudo, pode se virar contra o autor, ideologica e judicialmente. Espero, pelo bem da liberdade de expressão, que esse fenômeno da twittosfera não seja punido pela “censura da rainha”, nem pelos caprichos dos seus discípulos. Xuxa Verde é apenas uma galhofa inteligente que deu um ar Cult ao humor involuntário da serelepe Maria das Graças de tempos de outrora. Uma resposta criativa para uma senhora arrogante que pensa que pode calar a internet e reescrever seu passado com uma caneta multicolorida.
Até alguns anos atrás, o que caracterizava a fama era a aparição nas mídias de massa tradicionais: TV, rádio, jornal e revista. No entanto, os meios evoluíram, convergiram e ganharam uma projeção e uma instantaneidade assustadora. As mídias tornaram-se sociais e participativas. Mudaram os tempos e os hábitos. E tudo ficou mais criativo, deliciosamente provocante, tanto para o bem quanto para o mal, se é que ainda existe este julgamento maniqueísta num universo em que se pode produzir conteúdo sem mostrar a cara.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A TV aberta e a diversidade sexual

Participantes do BBB 10


O Brasil é um país no mínimo curioso. Um povo que idolatra o carnaval - evento que nivela todas as classes, gêneros e etnias - e que fica atônito ao ver na televisão três participantes homossexuais em um reality show. As mesmas pessoas que cultuam a diversidade na avenida são aquelas que ficam chocadas ao ver a rotina de um homem que se veste de Drag Queen nas noites. Sim, caras pálidas. A hipocrisia invade a passarela. Enquanto esses personagens (eu prefiro chamar de pessoas) estão à distância, eles são vistos como criaturas travestidas e rotuladas. E por dentro? Foi justamente isso que Boninho, o todo-poderoso do programa mais vigiado do Brasil, quis botar em discussão. Mostrar que por trás da caricatura glamorosa há um ser humano, com desejos e necessidades iguais a qualquer cidadão. A despeito de qualquer crítica ou comentários maldosos, o diretor do BBB chamou para si uma enorme responsabilidade. E foi muito corajoso para dar a cara a tapa, assim como os três participantes assumidamente gays do reality. É a diversidade debatida na vida real, ainda que embalada em um discurso moralista, sensacionalista e caricato.


Primeiramente, caros leitores. Não entupam o meu e-mail com argumentos demagogos como: “como ficam as crianças diante da TV”, “deturpação de valores”, “consideração à família brasileira”. Se quiserem falar de respeito, comecem por aplicá-lo. Porque, antes de montar essa coluna, dediquei horas de estudo e leitura de listas de discussões. E já adianto: li depoimentos agressivos, sustentados por uma ignorância repugnante. A maioria fugindo do assunto em discussão, correlacionando a homossexualidade a crimes, promiscuidade, política, religião e até futebol. Bobagens do tipo: “em vez de perderem tempo tratando da vida sexual das pessoas, porque não falam sobre a fome no nordeste?” (SIC). Esses indivíduos são exatamente aqueles que não contribuem em nada para o respeito da diversidade sexual, tampouco para a saciedade dos famintos deste país.


Apesar de estarmos engatinhando no que diz respeito à aceitação da orientação sexual dos brasileiros, fuçando a literatura televisiva nacional, descobri verdadeiras pérolas, que mostram que a abordagem do assunto começou desde cedo, na década de sessenta, no teleteatro “Calúnia”, da TV Tupi. Na peça, escrita por Lilian Helmann, as atrizes Vida Alves e Geórgia Gomide viveram as professoras Karin e Martha. Depois de serem acusadas de lésbicas pelas alunas, revelaram-se apaixonadas com um beijo homossexual.


Um estudo bastante aprofundado foi realizado por Leandro Calling, em 2007, intitulado “Homoerotismo nas telenovelas da Globo e a cultura”. O texto analisa como as telenovelas da Rede Globo representaram os homossexuais no período de 1974 ao início de 2007. Leitura recomendada para quem quiser se aprofundar mais sobre o tema.


A primeira aparição de um personagem homossexual nas novelas da Globo aconteceu em “Rebu”, de 1974. Na trama, Conrad Mahler mantinha uma relação com o garoto de programa Cauê, assassinado no final do folhetim por se envolver com a esposa do companheiro. Em “O Astro”, ainda na década de 70, a homossexualidade foi novamente relacionada à violência. O cabeleireiro gay Henri torna-se álibi do assassinato de Salomão Hayalla. Estes tipos de associação, obviamente, em nada contribuíram para uma discussão saudável. Pelo contrário, alimentaram a repulsa de uma sociedade amordaçada por uma ditadura militar opressora e violenta.


Ainda nos anos 70, outros personagens gays ganharam destaque nos folhetins globais, desta vez com um estereótipo afeminado: o garçom Waldomiro e o chefe de cozinha Pierre Lafond de “Marron-glacé” e o mordomo Everaldo de “Dancing Days”. Esta abordagem, satírica e rasa, emprestou aos papéis um tom jocoso, colaborando ainda mais para discriminação dos homossexuais.


No decênio seguinte foram nove aparições de gays na dramaturgia global, de 1980 a 1989. A primeira apresentação de uma personagem lésbica aconteceu em “Ciranda de Pedra”: Letícia, uma feminista com trejeitos masculinos. Já o primeiro casal de namorados foi apresentado na trama “Brilhante”. A década de 90 também contabilizou nove papéis homossexuais, incluindo a primeira veiculação de um gay não-afeminado.


Durante algum tempo, muitos atores e atrizes tiveram receio de papéis homossexuais, temendo o estereótipo nas suas carreiras de ídolos. Hoje, a realidade é outra. Personagens deste gênero podem, inclusive, impulsionar a imagem do artista. Um bom exemplo foi a participação de Rodrigo Santoro no filme “Carandiru”. O astro ganhou status por renunciar a sua estampa de galã e assumir um personagem afeminado, interpretado de forma realista e nada chistosa.


Essa postura aparentemente liberal do telespectador brasileiro, no entanto, é frágil. “Já tive de morrer na TV por fazer uma personagem homossexual. Nos anos 90, eu fiz um casal com Silvia Pfeifer, em Torre de Babel. Era o casal mais tranquilo da novela. O mais bem sucedido. Mesmo assim, elas tiveram de morrer daquela forma horrorosa, em uma explosão dentro de um shopping, por conta do preconceito” – afirmou Christiane Torloni em entrevista ao R7, em 31/10/09. O conturbado desaparecimento gerou uma grande discussão. Movimentos gays protestaram contra a Igreja Católica e a acusaram de ter pressionado para que houvesse a morte das personagens.

Se a audiência interferiu para censurar, também contribuiu para moralizar. Hoje, diversas associações e ONGs que apóiam a diversidade sexual e comportamental mobilizam-se contra o conteúdo homofóbico, retirando-os do ar em alguns casos, como aconteceu com João Kleber e suas "pegadinhas", que submeteram os gays a uma posição surreal e de inferioridade.


Nos últimos anos, contudo, a discussão saiu da ficção e chegou à realidade. No palco, ao vivo, os oficiais militares Fernando Alcântara de Figueiredo e Laci Marinho de Araújo expressaram publicamente sua homossexualidade durante o programa Superpop, na Rede TV. Logo após a entrevista Araújo foi preso.


O espaço à discussão da diversidade aumentou e, com ele, as mensagens de apoio ou repudio. Glória Reis escreveu em 2008, em seu blog, um texto sobre o “marketing da opção sexual”. Totalmente alienada ao histórico da aparição dos gays na TV brasileira, a autora critica a TV Globo e as suas telenovelas por “abarcar mais gente para a prática homossexual, propagando uma realidade totalmente falsa de um mundo maravilhoso, colorido, de gente feliz, sem conflitos, sem perigos, sem necessidade de cuidados e prevenção necessárias em qualquer vivência da sexualidade.”


Gloria Reis, em seu texto, enaltece, como cidadã e educadora, a sua preocupação com o crescente número de crianças e adolescentes influenciados pela propaganda da "maravilha de ser homo" (SIC). Para ela, esta “ideologia” é um desrespeito e atentado à liberdade humana. E vai além: “Pobre país cuja maior rede de TV tem como estrela um Aguinaldo Silva, cujo maior sonho é ‘fazer’ um beijo gay na novela, com medo de que um heterossexual passe à sua frente. É um profissional destituído de autocrítica, pois fala da sua patética novela como se fosse Madame Bovary de Flaubert. Quanta mediocridade”. Pára tudo! Que isso, dona Glória? Se a senhora está vendo muito gay na rua não é culpa da Globo, mas da sensação de autonomia que as pessoas estão tendo. Como é que a senhora ousa a falar de liberdade humana escrevendo tudo isso? Isso é opressão. E o pior, uma opressão letrada, de uma formadora de opinião.


Assim como o Blog da Glória que, com todo o direito, expressa a sua opinião, muitos outros canais de comunicação pipocam por aí, com as mais diferentes frentes e ideologias. E agora, seguindo as tendências das novas mídias, a TV resolveu retratar o assunto mais abertamente. E coube ao Boninho jogar tudo no ventilador. Ao seu estilo, naturalmente.


Desde a sua estréia, o Big Brother trouxe algum participante gay. Contudo, na maioria das vezes, esse representante era uma minoria oprimida. Geralmente era só um, para ser “estéril” e não causar comoção. Assim, a diversidade estaria “preservada”. A surpresa, contudo, veio no BBB 5, quando o professor homossexual assumido Jean Willis venceu a disputa e faturou o prêmio máximo do programa.


Diferentemente da quinta edição do reality, que abordou o tema de forma adequada, a presente temporada apostou na polêmica para atrair a atenção. E foi ousada. Colocou, de uma só vez, três representantes gays assumidos: Dicesar, Sérgio e Angélica. O problema, desta vez, é a forma grosseira com que o assunto está sendo explorado. A orientação sexual dos participantes, nestas primeiras semanas, está sendo discutida à exaustão, como se eles não tivessem outra coisa a oferecer. Com o tempo, entretanto, a polêmica se esgota e os verdadeiros valores dos brothers passam a ganhar atenção.


Para atingir uma discussão madura sobre a diversidade sexual é preciso combater o preconceito e o estereótipo promíscuo ou caricato. Na TV aberta são ainda são poucas as produções em que o homossexual é humanizado e não julgado pela sua posição sexual. No Brasil, a televisão ainda é o veículo de informação mais difundido e, para alguns, a única fonte de informação. O que aumenta a responsabilidade com a ética. Para informar, estimular e construir valores sólidos, em vez de criar arquétipos e disseminar preconceitos.


Referências bibliográficas

REIS, Glória. Disponível em http://gloria.reis.blog.uol.com.br/arch2008-05-18_2008-05-24.html

CALLING, Leandro. Homoerotismo nas telenovelas da Globo e a cultura. Disponível em http://www.cult.ufba.br/enecult2007/LeandroColling.pdf

TREVISAN, João Silvério. Devassos no Paraíso:A Homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. Rio de Janeiro, São Paulo: Editora Record, 2004. 586p.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

As novas receitas da dramaturgia nacional

Carla Marins - a protagonista de Uma Rosa com Amor


2010 promete grandes novidades. As emissoras estão armadas, com produtos bons e novos formatos. Até mesmo a Rede Globo, com a sua folgada liderança, abriu mão, no último ano, da zona de conforto e arriscou propostas ousadas, estéticas e narrativas, como as séries “Decamerão”, “Som e Fúria” e “Norma”. Sinal de que a dramaturgia brasileira evoluiu, ficou mais madura e mais rentável. E não somente nos arredores do Projac. A Rede Record, por exemplo, mostrou que é possível fazer novela fora de Jacarepaguá e chegar a um nível próximo do “padrão globo de qualidade”. O SBT rompeu contrato com a Televisa e partiu para as produções 100% nacionais, apoiadas em textos antigos de Janete Clair e Vicente Sesso. O panorama é otimista. A produção dramatúrgica na TV aberta surpreende: são sete telenovelas inéditas no ar. Um cardápio bem interessante para consumidores ávidos por este tipo de produto. Aí que entra a provocação desta coluna: com relação à estrutura narrativa, quais dos títulos em cartaz são realmente inovadores? O que você, telespectador, prefere: um bom feijão com arroz ou um marreco ao molho de café? Uma novela tradicional (e previsível) ou um enredo inusitado e surpreendente?

A TV vive de faturamento. Ponto. Por mais que haja excelência na produção artística, o que movimenta a folha de pagamento é o retorno comercial. A produção e a audiência em massa. Um modelo ainda em uso, mas já absolutamente condenado pela entrada do sinal digital.

Vamos à velha e boa metáfora gastronômica: hoje, a TV aberta tem que alimentar grandes conglomerados de audiência com uma mesma receita. Básica e pasteurizada. Daqui a alguns anos, o cardápio vai aumentar, assim como a procura por novos pratos. O bandejão popular vai perder adeptos. Logo, o telespectador vai querer – e poder – consumir o que tiver vontade: desde um ovo frito até uma lagosta. Do programa da Márcia a um seriado Cult.

Com a segmentação da audiência, as novelas poderão criar novos formatos e investir em outras propostas. Se isso será economicamente viável aí são outros quinhentos. Porque a ousadia tem seu preço. Pode render excelentes investimentos ou mesmo causar um enorme prejuízo. A Record, por exemplo, lançou dois produtos com linguagem inovadora: a malfadada novela “Metamorphoses” e a bem-sucedida trilogia dos Mutantes, de Tiago Santiago. Mesmo com todas as críticas, o autor conseguiu a façanha de alcançar picos de liderança no Ibope. E isso tudo no tempo da TV analógica, com público massivo, efeitos especiais grosseiros e um enredo fantasioso. Uma receita que agradou em cheio parte dos adolescentes. Tão popular quanto uma porção de batata frita. Uma é pouco, duas é bom. Três é demais. E dá náusea no final.

O arroz com feijão, aquele bem temperadinho, com os ingredientes na medida certa, entretanto, também tem seus adeptos. E é justamente essa receita que o autor Tiago Santiago (sim, o mesmo dos Mutantes) vai utilizar para reavivar a combalida dramaturgia do SBT, que há anos sobrevive com refeições ralas e insossas. Trata-se da adaptação de Uma Rosa com Amor, de Vicente Sesso. A trama, produzida pela primeira vez em preto-e-branco, em 1972, foi exibida com grande sucesso na Rede Globo. Veiculada no horário das sete, contou com 220 capítulos, com destaque para a atuação de Marília Pêra como a solteirona Serafina.

Uma Rosa com Amor foi uma das primeiras novelas da Globo com elementos de comédia romântica, o que se tornaria, mais tarde, a marca do horário das 19h. Na versão de Santiago, com a colaboração de Renata Dias Gomes e direção-geral de Del Rangel, o enredo vai permanecer fiel ao original, com temas já bastantes conhecidos pelo público: amor, casamento, família, disputas, traições, cobiça, solidariedade e amizade. As questões serão abordadas por uma perspectiva doce e bem humorada.

Seguindo referências do neo-realismo, Uma Rosa com Amor brinca com perfis estereotipados e cômicos, como a moça que ficou sem namorar depois de uma grande decepção amorosa, o fanho, a nova rica ambiciosa e fútil, o malandro e o pai protetor.

O elenco escolhido é popular e reúne nomes como Carla Marins, Luciana Vendramini, Etty Fraser, Isadora Ribeiro, Betty Faria, Carlo Briani, Claudio Lins, Monica Carvalho, Edney Giovenazzi, Toni Garrido, entre outros.

O SBT parece estar disposto a retomar – pela enésima vez – a sua dramaturgia. A emissora, conhecida pelos espasmos criativos do patrão, já adotou inúmeras cartadas ousadas, como a reprise de “Pantanal”, da extinta TV Manchete. Desta vez, a estratégia é outra: trilhar um caminho conhecido pelo público e apostar no óbvio ululante. Uma receita, a princípio saborosa, que pode virar praxe na mesa ou mesmo enjoar no decorrer dos dias. Prefiro o marreco ao molho de café, mas ainda assim devo experimentar esse novo prato-feito do Silvio Santos. Numa dessa eu acabo gostando.