tag:blogger.com,1999:blog-61882430528395185632024-03-21T20:41:03.198-07:00Circo Eletrônico: uma análise da TV brasileiraUma análise da teledifusão brasileira na visão do publicitário João Claudio Lins.João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.comBlogger28125tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-50887705935415476282010-12-07T10:42:00.000-08:002010-12-07T10:46:22.122-08:00No mundo da imaginação: a realidade fantástica de Xuxa Verde<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><a href="http://userserve-ak.last.fm/serve/_/44934289/Xuxa+Verde+xus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="277" ox="true" src="http://userserve-ak.last.fm/serve/_/44934289/Xuxa+Verde+xus.jpg" width="320" /></a></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ela é esverdeada, vive um cotidiano fantasioso que rompe a cronologia, cria e recria situações inusitadas e, sobretudo, achincalha com a imagem de uma celebridade que imbecilizou a infância de muita gente. Abriram a caixa de Pandora e jogaram no ventilador uma parte rechaçada do passado de Maria da Graça Meneghel, a rainha que fez brotar o espírito consumista nos baixinhos. Estou falando de Xuxa Verde, um personagem bizarro que traz à tona todo o poder criativo – e também destrutivo – da blogosfera e twittosfera.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Você deve estar perguntando: o que é e quem diabos é Xuxa Verde? </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Xuxa Verde é um perfil anônimo do Twitter. Um personagem que revisita os videoteipes do Clube da Criança, da extinta Rede Manchete. Os VTs são tão antigos e de uma qualidade tão inferior que as cenas ficaram esverdeadas (daí o nome nonsense). A inspiração, segundo a mente criativa que deu origem ao avatar, foi um vídeo do YouTube chamado “Xuxa, uma candura de mulher”. As imagens mostram a apresentadora no início da carreira, antes das Paquitas, totalmente despreparada, alienada e com uma irritante voz de afinar violino. </span><br />
<br />
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/rOak-Gke34E?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/rOak-Gke34E?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br />
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<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O personagem verde, por enquanto, segue anônimo, talvez por receio de alguma represália jurídica da Xuxa titular. O mais bizarro, em todo o contexto, é que o cover conseguiu popularizar bordões como “vixe”, “ajuda eu” e “vem, gente”, frases que, de fato, saíram da Xuxa original. E é justamente essa mistura de ficção e realidade que deixa os comentários da rainha verde ainda mais bizarros.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>No mundo da imaginação</strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">No Twitter, Xuxa Verde revela um cotidiano totalmente atemporal, sempre na companhia de Marlene, Sorvetão, Miúcha, Catuxa e outros personagens que já fizeram parte da vida da apresentadora. Algumas situações são tão absurdas que chegam a perder completamente a noção do bom senso, como o método educacional criado para educar a pequena Sasha: o bambu vietnamita (vixe!). </span></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O sucesso de Xuxa Verde é tão grande que inspirou a criação de novos personagens no Twitter, como a hilária Claudia Sentalá. A pupila foi inspirada no bordão “ahan, Claudia, senta lá”, proferido por Xuxa no momento em que uma menina lhe pede algo. No contexto fantasioso do autor, a garota cresce traumatizada e vira dançarina de pole dance, “sentando lá” no colo de muitas celebridades famosas.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Reescrevendo o passado</strong></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Durante muito tempo, Xuxa Meneghel conseguiu abafar seus ensaios na Playboy e sua participação no filme “Amor Estranho Amor”. Com a popularização da internet e das redes de compartilhamento de vídeo, contudo, todo esse passado repelido veio à tona. A apresentadora, inclusive, obteve uma vitória contra o Google. A loira moveu um processo contra a empresa, após o buscador associar a palavra Xuxa ao adjetivo “pedófila”. </span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Os internautas que digitavam a combinação no buscador encontravam mais de 50 mil textos e vídeos, além de cerca de 20 mil fotografias da apresentadora, em parte delas nua ou em cenas de sexo, retiradas do filme que participou em 1982.</span></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O paradoxo é que, quanto mais Xuxa tenta impedir que Amor Estranho Amor seja lembrado, mais informações sobre a atuação dela no filme são produzidas e acabam ficando à disposição na internet.</span></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A vida pessoal de Xuxa Meneghel, desde o início da carreira, gera polêmicas na mídia. Por muitas vezes, a apresentadora foi vítima de fofocas maldosas, muitas delas estampadas pelas mesmas publicações que a adularam há alguns anos. Conforme Rojek (2008, p. 88), “A mídia que constrói as celebridades com frequência não resiste a arquitetar a sua queda”. O estrago na fama, como denomina Redmond (2006), é uma tendência esperada durante a vida da celebridade, estando vinculada à intensidade de sua popularidade. A carreira de Xuxa, assim como a de muitos artistas, não é acompanhada apenas de luxo e idolatria. A imagem do seu sucesso é tão lucrativa quanto à do seu fracasso.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Xuxa Verde já começa a desfrutar dos efeitos (bons e ruins) da fama. Com mais de 33 mil seguidores, o personagem já virou notícia em diversas publicações. O sucesso é tão grande que seu avatar protagonizou a primeira edição da “Casa dos Twitteiros”, que virou febre no You Tube. Toda essa projeção, contudo, pode se virar contra o autor, ideologica e judicialmente. Espero, pelo bem da liberdade de expressão, que esse fenômeno da twittosfera não seja punido pela “censura da rainha”, nem pelos caprichos dos seus discípulos. Xuxa Verde é apenas uma galhofa inteligente que deu um ar Cult ao humor involuntário da serelepe Maria das Graças de tempos de outrora. Uma resposta criativa para uma senhora arrogante que pensa que pode calar a internet e reescrever seu passado com uma caneta multicolorida.</span> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Até alguns anos atrás, o que caracterizava a fama era a aparição nas mídias de massa tradicionais: TV, rádio, jornal e revista. No entanto, os meios evoluíram, convergiram e ganharam uma projeção e uma instantaneidade assustadora. As mídias tornaram-se sociais e participativas. Mudaram os tempos e os hábitos. E tudo ficou mais criativo, deliciosamente provocante, tanto para o bem quanto para o mal, se é que ainda existe este julgamento maniqueísta num universo em que se pode produzir conteúdo sem mostrar a cara. </span></div></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-57706020929345382972010-01-20T05:42:00.000-08:002010-01-20T05:56:32.196-08:00A TV aberta e a diversidade sexual<div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://f.i.uol.com.br/folha/ilustrada/images/10006375.jpeg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 550px; height: 269px;" src="http://f.i.uol.com.br/folha/ilustrada/images/10006375.jpeg" alt="" border="0" /></a><span style="color: rgb(153, 153, 153);font-size:78%;" ><span style="font-family:trebuchet ms;">Participantes do BBB 10</span></span>
<br /></div>
<br /><span style="font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;font-size:85%;" >
<br /></span><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link style="font-family: trebuchet ms;" rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUsuario%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link style="font-family: trebuchet ms;" rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUsuario%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link style="font-family: trebuchet ms;" rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUsuario%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> 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Um povo que idolatra o carnaval - evento que nivela todas as classes, gêneros e etnias - e que fica atônito ao ver na televisão três participantes homossexuais em um reality show. As mesmas pessoas que cultuam a diversidade na avenida são aquelas que ficam chocadas ao ver a rotina de um homem que se veste de Drag Queen nas noites. Sim, caras pálidas. A hipocrisia invade a passarela. Enquanto esses personagens (eu prefiro chamar de pessoas) estão à distância, eles são vistos como criaturas travestidas e rotuladas. E por dentro? Foi justamente isso que Boninho, o todo-poderoso do programa mais vigiado do Brasil, quis botar em discussão. Mostrar que por trás da caricatura glamorosa há um ser humano, com desejos e necessidades iguais a qualquer cidadão. A despeito de qualquer crítica ou comentários maldosos, o diretor do BBB chamou para si uma enorme responsabilidade. E foi muito corajoso para dar a cara a tapa, assim como os três participantes assumidamente gays do reality. É a diversidade debatida na vida real, ainda que embalada em um discurso moralista, sensacionalista e caricato.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Primeiramente, caros leitores. Não entupam o meu e-mail com argumentos demagogos como: “como ficam as crianças diante da TV”, “deturpação de valores”, “consideração à família brasileira”. Se quiserem falar de respeito, comecem por aplicá-lo. Porque, antes de montar essa coluna, dediquei horas de estudo e leitura de listas de discussões. E já adianto: li depoimentos agressivos, sustentados por uma ignorância repugnante. A maioria fugindo do assunto em discussão, correlacionando a homossexualidade a crimes, promiscuidade, política, religião e até futebol. Bobagens do tipo: “em vez de perderem tempo tratando da vida sexual das pessoas, porque não falam sobre a fome no nordeste?” (SIC). Esses indivíduos são exatamente aqueles que não contribuem em nada para o respeito da diversidade sexual, tampouco para a saciedade dos famintos deste país.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Apesar de estarmos engatinhando no que diz respeito à aceitação da orientação sexual dos brasileiros, fuçando a literatura televisiva nacional, descobri verdadeiras pérolas, que mostram que a abordagem do assunto começou desde cedo, na década de sessenta, no teleteatro “Calúnia”, da TV Tupi. Na peça, escrita por Lilian Helmann, as atrizes Vida Alves e Geórgia Gomide viveram as professoras Karin e Martha. Depois de serem acusadas de lésbicas pelas alunas, revelaram-se apaixonadas com um beijo homossexual.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Um estudo bastante aprofundado foi realizado por Leandro Calling, em 2007, intitulado “Homoerotismo nas telenovelas da Globo e a cultura”. O texto analisa como as telenovelas da Rede Globo representaram os homossexuais no período de 1974 ao início de 2007. Leitura recomendada para quem quiser se aprofundar mais sobre o tema.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">A primeira aparição de um personagem homossexual nas novelas da Globo aconteceu em </span><span style="font-size:85%;">“Rebu”,<i> de 1974.</i></span><span style="font-size:85%;"> Na trama, Conrad Mahler mantinha uma relação com o garoto de programa Cauê, assassinado no final do folhetim por se envolver com a esposa do companheiro. Em “</span><span style="font-size:85%;">O Astro”</span><span style="font-size:85%;">, ainda na década de 70, a homossexualidade foi novamente relacionada à violência. O cabeleireiro gay Henri torna-se álibi do assassinato de Salomão Hayalla. Estes tipos de associação, obviamente, em nada contribuíram para uma discussão saudável. Pelo contrário, alimentaram a repulsa de uma sociedade amordaçada por uma ditadura militar opressora e violenta.
<br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Ainda nos anos 70, outros personagens gays ganharam destaque nos folhetins globais, desta vez com um estereótipo afeminado: o garçom Waldomiro e o chefe de cozinha Pierre Lafond de “Marron-glacé” e o mordomo Everaldo de “Dancing Days”. Esta abordagem, satírica e rasa, emprestou aos papéis um tom jocoso, colaborando ainda mais para discriminação dos homossexuais.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">No decênio seguinte foram nove aparições de gays na dramaturgia global, de 1980 a 1989. A primeira apresentação de uma personagem lésbica aconteceu em “Ciranda de Pedra”: Letícia, uma feminista com trejeitos masculinos. Já o primeiro casal de namorados foi apresentado na trama “<span style="">Brilhante”. A década de 90 também contabilizou nove papéis homossexuais, incluindo a primeira veiculação de um gay </span>não-afeminado.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span><span style="font-size:85%;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Durante algum tempo, muitos atores e atrizes tiveram receio de papéis homossexuais, temendo o estereótipo nas suas carreiras de ídolos. Hoje, a realidade é outra. Personagens deste gênero podem, inclusive, impulsionar a imagem do artista. Um bom exemplo foi a participação de Rodrigo Santoro no filme “Carandiru”. O astro ganhou status por renunciar a sua estampa de galã e assumir um personagem afeminado, interpretado de forma realista e nada chistosa.
<br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Essa postura aparentemente liberal do telespectador brasileiro, no entanto, é frágil. “</span><span style="font-size:85%;">Já tive de morrer na TV por fazer uma personagem homossexual. Nos anos 90, eu fiz um casal com Silvia Pfeifer, em Torre de Babel. Era o casal mais tranquilo da novela. O mais bem sucedido. Mesmo assim, elas tiveram de morrer daquela forma horrorosa, em uma explosão dentro de um shopping, por conta do preconceito” – afirmou Christiane Torloni em entrevista ao R7, em 31/10/09. O conturbado desaparecimento gerou uma grande discussão. Movimentos gays protestaram contra a Igreja Católica e a acusaram de ter pressionado para que houvesse a morte das personagens. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Se a audiência interferiu para censurar, também contribuiu para moralizar. Hoje, diversas associações e ONGs que apóiam a diversidade sexual e comportamental mobilizam-se contra o conteúdo homofóbico, retirando-os do ar em alguns casos, como aconteceu com João Kleber e suas "pegadinhas", que submeteram os gays a uma posição surreal e de inferioridade.
<br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span><span style="font-size:85%;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Nos últimos anos, contudo, a discussão saiu da ficção e chegou à realidade. No palco, ao vivo, os oficiais militares Fernando Alcântara de Figueiredo e Laci Marinho de Araújo expressaram publicamente sua homossexualidade durante o programa Superpop, na Rede TV. Logo após a entrevista Araújo foi preso. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br />O espaço à discussão da diversidade aumentou e, com ele, as mensagens de apoio ou repudio. Glória Reis escreveu em 2008, em seu blog, um texto sobre o “marketing da opção sexual”. Totalmente alienada ao histórico da aparição dos gays na TV brasileira, a autora critica a TV Globo e as suas telenovelas por “abarcar mais gente para a prática homossexual, propagando uma realidade totalmente falsa de um mundo maravilhoso, colorido, de gente feliz, sem conflitos, sem perigos, sem necessidade de cuidados e prevenção necessárias em qualquer vivência da sexualidade.”
<br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Gloria Reis, em seu texto, enaltece, como cidadã e educadora, a sua preocupação com o crescente número de crianças e adolescentes influenciados pela propaganda da "maravilha de ser homo" (SIC). Para ela, esta “ideologia” é um desrespeito e atentado à liberdade humana. E vai além:<i style=""> </i>“Pobre país cuja maior rede de TV tem como estrela um Aguinaldo Silva, cujo maior sonho é ‘fazer’ um beijo gay na novela, com medo de que um heterossexual passe à sua frente. É um profissional destituído de autocrítica, pois fala da sua patética novela como se fosse Madame Bovary de Flaubert. Quanta mediocridade”. Pára tudo! Que isso, dona Glória? Se a senhora está vendo muito gay na rua não é culpa da Globo, mas da sensação de autonomia que as pessoas estão tendo. Como é que a senhora ousa a falar de liberdade humana escrevendo tudo isso? Isso é opressão. E o pior, uma opressão letrada, de uma formadora de opinião.
<br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span><span style="font-size:85%;"><i style=""><o:p></o:p></i></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Assim como o Blog da Glória que, com todo o direito, expressa a sua opinião, muitos outros canais de comunicação pipocam por aí, com as mais diferentes frentes e ideologias. E agora, seguindo as tendências das novas mídias, a TV resolveu retratar o assunto mais abertamente. E coube ao Boninho jogar tudo no ventilador. Ao seu estilo, naturalmente.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span><span style="font-size:85%;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Desde a sua estréia, o Big Brother trouxe algum participante gay. Contudo, na maioria das vezes, esse representante era uma minoria oprimida. Geralmente era só um, para ser “estéril” e não causar comoção. Assim, a diversidade estaria “preservada”. A surpresa, contudo, veio no BBB 5, quando o professor homossexual assumido Jean Willis venceu a disputa e faturou o prêmio máximo do programa.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span><span style="font-size:85%;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Diferentemente da quinta edição do reality, que abordou o tema de forma adequada, a presente temporada apostou na polêmica para atrair a atenção. E foi ousada. Colocou, de uma só vez, três representantes gays assumidos: Dicesar, Sérgio e Angélica. O problema, desta vez, é a forma grosseira com que o assunto está sendo explorado. A orientação sexual dos participantes, nestas primeiras semanas, está sendo discutida à exaustão, como se eles não tivessem outra coisa a oferecer. Com o tempo, entretanto, a polêmica se esgota e os verdadeiros valores dos brothers passam a ganhar atenção.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span><span style="font-size:85%;"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">Para atingir uma discussão madura sobre a diversidade sexual é preciso combater o preconceito e o estereótipo promíscuo ou caricato. Na TV aberta são ainda são poucas as produções em que o homossexual é humanizado e não julgado pela sua posição sexual. No Brasil, a televisão ainda é o veículo de informação mais difundido e, para alguns, a única fonte de informação. O que aumenta a responsabilidade com a ética. Para informar, estimular e construir valores sólidos, em vez de criar arquétipos e disseminar preconceitos.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:85%;"><b style="">Referências bibliográficas<o:p></o:p></b></span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:85%;">REIS, Glória. Disponível em http://gloria.reis.blog.uol.com.br/arch2008-05-18_2008-05-24.html<o:p></o:p></span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:85%;">CALLING, Leandro. Homoerotismo nas telenovelas da Globo e a cultura. Disponível em </span><span style="font-size:85%;">http://www.cult.ufba.br/enecult2007/LeandroColling.pdf<b><o:p></o:p></b></span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:85%;"><o:p> </o:p></span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:85%;">TREVISAN, João Silvério. <i>Devassos no Paraíso:</i>A Homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. Rio de Janeiro, São Paulo: Editora Record, 2004. 586p.<o:p></o:p></span></p>
<br />João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-38269646069654341782010-01-06T11:32:00.000-08:002010-01-07T05:36:37.402-08:00As novas receitas da dramaturgia nacional<div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjki67eCrAXTShAbIiE5NrMXunvHgkeXaVFO2DiEs48lHCCCcpnVvNxwLfZU36vew7slR15QKleZJSCMIgx3cIRsnLK28VsLYj7qHbrR8cK6Iec6kbsc9PJFCPVAeTo_gvFSh1Jy_3A1fKK/s1600/3759432.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 360px; height: 247px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjki67eCrAXTShAbIiE5NrMXunvHgkeXaVFO2DiEs48lHCCCcpnVvNxwLfZU36vew7slR15QKleZJSCMIgx3cIRsnLK28VsLYj7qHbrR8cK6Iec6kbsc9PJFCPVAeTo_gvFSh1Jy_3A1fKK/s1600/3759432.jpg" alt="" border="0" /></a><span style="color: rgb(153, 153, 153);font-size:78%;" ><span style="font-family:trebuchet ms;">Carla Marins - a protagonista de Uma Rosa com Amor</span></span><br /><div style="text-align: left; font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;"><br /></span></div></div><span style="font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ><br /></span><div style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">2010 promete grandes novidades. As emissoras estão armadas, com produtos bons e novos formatos. Até mesmo a Rede Globo, com a sua folgada liderança, abriu mão, no último ano, da zona de conforto e arriscou propostas ousadas, estéticas e narrativas, como as séries “Decamerão”, “Som e Fúria” e “Norma”. Sinal de que a dramaturgia brasileira evoluiu, ficou mais madura e mais rentável. E não somente nos arredores do Projac. A Rede Record, por exemplo, mostrou que é possível fazer novela fora de Jacarepaguá e chegar a um nível próximo do “padrão globo de qualidade”. O SBT rompeu contrato com a Televisa e partiu para as produções 100% nacionais, apoiadas em textos antigos de Janete Clair e Vicente Sesso. O panorama é otimista. A produção dramatúrgica na TV aberta surpreende: são sete telenovelas inéditas no ar. Um cardápio bem interessante para consumidores ávidos por este tipo de produto. Aí que entra a provocação desta coluna: com relação à estrutura narrativa, quais dos títulos em cartaz são realmente inovadores? O que você, telespectador, prefere: um bom feijão com arroz ou um marreco ao molho de café? Uma novela tradicional (e previsível) ou um enredo inusitado e surpreendente?<br /><br /></span><span style="font-size:100%;">A TV vive de faturamento. Ponto. Por mais que haja excelência na produção artística, o que movimenta a folha de pagamento é o retorno comercial. A produção e a audiência em massa. Um modelo ainda em uso, mas já absolutamente condenado pela entrada do sinal digital.<br /><br /></span><span style="font-size:100%;">Vamos à velha e boa metáfora gastronômica: hoje, a TV aberta tem que alimentar grandes conglomerados de audiência com uma mesma receita. Básica e pasteurizada. Daqui a alguns anos, o cardápio vai aumentar, assim como a procura por novos pratos. O bandejão popular vai perder adeptos. Logo, o telespectador vai querer – e poder – consumir o que tiver vontade: desde um ovo frito até uma lagosta. Do programa da Márcia a um seriado Cult.<br /><br /></span><span style="font-size:100%;">Com a segmentação da audiência, as novelas poderão criar novos formatos e investir em outras propostas. Se isso será economicamente viável aí são outros quinhentos. Porque a ousadia tem seu preço. Pode render excelentes investimentos ou mesmo causar um enorme prejuízo. A Record, por exemplo, lançou dois produtos com linguagem inovadora: a malfadada novela “Metamorphoses” e a bem-sucedida trilogia dos Mutantes, de Tiago Santiago. Mesmo com todas as críticas, o autor conseguiu a façanha de alcançar picos de liderança no Ibope. E isso tudo no tempo da TV analógica, com público massivo, efeitos especiais grosseiros e um enredo fantasioso. Uma receita que agradou em cheio parte dos adolescentes. Tão popular quanto uma porção de batata frita. Uma é pouco, duas é bom. Três é demais. E dá náusea no final.<br /><br /></span><span style="font-size:100%;">O arroz com feijão, aquele bem temperadinho, com os ingredientes na medida certa, entretanto, também tem seus adeptos. E é justamente essa receita que o autor Tiago Santiago (sim, o mesmo dos Mutantes) vai utilizar para reavivar a combalida dramaturgia do SBT, que há anos sobrevive com refeições ralas e insossas. Trata-se da adaptação de Uma Rosa com Amor, de Vicente Sesso. A trama, produzida pela primeira vez em preto-e-branco, em 1972, foi exibida com grande sucesso na Rede Globo. Veiculada no horário das sete, contou com 220 capítulos, com destaque para a atuação de Marília Pêra como a solteirona Serafina.<br /><br /></span><span style="font-size:100%;">Uma Rosa com Amor foi uma das primeiras novelas da Globo com elementos de comédia romântica, o que se tornaria, mais tarde, a marca do horário das 19h. Na versão de Santiago, com a colaboração de Renata Dias Gomes e direção-geral de Del Rangel, o enredo vai permanecer fiel ao original, com temas já bastantes conhecidos pelo público: amor, casamento, família, disputas, traições, cobiça, solidariedade e amizade. As questões serão abordadas por uma perspectiva doce e bem humorada.<br /><br /></span><span style="font-size:100%;">Seguindo referências do neo-realismo, Uma Rosa com Amor brinca com perfis estereotipados e cômicos, como a moça que ficou sem namorar depois de uma grande decepção amorosa, o fanho, a nova rica ambiciosa e fútil, o malandro e o pai protetor.<br /><br /></span><span style="font-size:100%;">O elenco escolhido é popular e reúne nomes como Carla Marins, Luciana Vendramini, Etty Fraser, Isadora Ribeiro, Betty Faria, Carlo Briani, Claudio Lins, Monica Carvalho, Edney Giovenazzi, Toni Garrido, entre outros.<br /><br /></span><span style="font-size:100%;">O SBT parece estar disposto a retomar – pela enésima vez – a sua dramaturgia. A emissora, conhecida pelos espasmos criativos do patrão, já adotou inúmeras cartadas ousadas, como a reprise de “Pantanal”, da extinta TV Manchete. Desta vez, a estratégia é outra: trilhar um caminho conhecido pelo público e apostar no óbvio ululante. Uma receita, a princípio saborosa, que pode virar praxe na mesa ou mesmo enjoar no decorrer dos dias. Prefiro o marreco ao molho de café, mas ainda assim devo experimentar esse novo prato-feito do Silvio Santos. Numa dessa eu acabo gostando.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-9622538729314600982009-10-30T05:05:00.000-07:002009-10-30T05:54:25.625-07:00Pegadinhas broxantes: e a TV conhece o fundo do poço.<div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://tvcontacto.files.wordpress.com/2009/09/pegadinhas-picantes-sbt.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 229px;" src="http://tvcontacto.files.wordpress.com/2009/09/pegadinhas-picantes-sbt.jpg" alt="" border="0" /></a><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:85%;" ><span style="font-family: trebuchet ms;">Reprodução da TV</span></span><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family:trebuchet ms;"><br />Na madrugada de sábado para domingo, logo depois da reprise do CQC, a Band exibe o Cine Privé. Em cartaz, filmes baratos e duvidosos, muitos deles já populares, como as estripulias da fogosa Emanuelle. Uma orgia mental para telespectadores que aprendem desde cedo o que é banalização do sexo e como se perpetua a imagem da mulher objeto. O horário é permissivo, 1h45. Ainda assim, tais produções estão em exibição, encruadas na programação aberta, “livres” para todas as idades, sem qualquer filtro. Basta ligar a TV. Neste caso, o apelo erótico é explícito. Menos mal. O problema acontece quando o produto vem com uma falsa embalagem, sugerindo uma proposta humorística, em um horário absolutamente inadequado. Não, caro leitor, não se trata de “A Praça é Nossa”, tampouco do “Superpop”. O buraco é mais embaixo. Quando todos pensavam que a TV já havia conhecido o fundo do poço, Silvio Santos chega, sorrateiramente, e solta mais uma de suas pilhérias. Infame, por sinal. Sem muito estardalhaço, estreou no SBT, no dia 14 de setembro, às dez da noite, o programa “Pegadinhas Picantes”. Uma série de televisão caracterizada por cenas de humor em que as pessoas são pegas de surpresa ao observar situações bizarras de nudez. </span> <span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/m7b1s0xDugw&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/m7b1s0xDugw&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Produzidos na Ucrânia pela AFL Productions e Comedy Central, sob a alcunha “Naked and Funny”, os esquetes apostam em um erotismo gratuito e vazio, com atores trajando sungas com enchimento frontal e modelos nuas em situações “inusitadas”. Entre os quadros, alguns desenhos animados sugerem sexo implícito, com o objetivo de apimentar a atração. Destaque especial para a tradução dos títulos da versão brasileira que, de tão ruins, chegam a ser engraçados.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br />Em “Pegadinhas Picantes” nada é falado, o que deixa o programa ainda mais esdrúxulo. Acompanhados por música e onomatopéias, os quadros unem o erotismo ao pastelão, não se adequando perfeitamente em nenhuma das duas categorias. O resultado é patético. O áudio da reação das vítimas não é capturado, sendo substituído por gestos de mímica. É o tipo de programa que poucos telespectadores assumem acompanhar. Dá vergonha de admitir. No entanto, os dados apontam para uma realidade diferente. Na faixa das 22h, os esquetes rendiam até 10 pontos no Ibope.<br /><br /></span><span style="font-family:trebuchet ms;">O SBT já tem tradição em inserir o erotismo em alguns de seus programas. Difícil esquecer da polêmica e controversa banheira do Gugu, do insinuante “Cocktail”, apresentado por Miele na década de 80, e do horrendo humorístico “Sem Controle”, rifado da programação há poucos anos. Atrações que atraíram certa audiência, mas que sujaram a credibilidade da emissora e afastaram muitos anunciantes.<br /><br /></span> <span style="font-family:trebuchet ms;">Com a mudança das dez para as onze da noite, na segunda-feira (26), as "Pegadinhas Picantes" perderam quatro pontos no Ibope. Às 23h, o programa caiu para 06 pontos. A troca de horário foi por conta de reclamações de telespectadores. Às 22h, o SBT colocou no ar "Boletim de Ocorrência", com Joyce Ribeiro. Outra atração popularesca para tapar o buraco da programação. Que convoquem o Chaves, então. Sai mais barato e dá retorno.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br />Silvio Santos adora polêmicas. E responde aos ataques com sarcasmo. Foi assim que o recado foi dado aos que “não gostam de ver belas garotas à vontade” na TV, através de uma chamada irônica, comunicando a troca de horário das “Pegadinhas Picantes”. Tudo isso leva a crer que o desejo de estabilizar a grade da emissora cai por terra quando as birras do patrão falam mais alto. Ego ferido. Como se não bastasse o terrorismo gravado, editado e exibido com a Maísa, os escrachos com os convidados, como o recente episódio com a dançarina Carla Perez, agora Silvio Santos aposta na vulgaridade para alavancar os índices. Audiência barata que pouco ou nada vai agregar à programação. Para alguns pode até ser excitante. Mas para o departamento comercial e para a imagem institucional da emissora, esse decreto é broxante. </span><br /></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-87007226165144042452009-09-25T09:07:00.000-07:002009-09-25T09:21:19.592-07:00Medo do escuro: o futuro do jornalismo impresso.<div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.reporterdiario.com.br/blogs/ocorvo/wp-content/uploads/2007/09/gutemberg.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 395px;" src="http://www.reporterdiario.com.br/blogs/ocorvo/wp-content/uploads/2007/09/gutemberg.jpg" alt="" border="0" /></a><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:trebuchet ms;font-size:85%;" >Corram para as suas casas, a mentira invadiu a terra.</span>
<br /></div><link style="font-family: trebuchet ms;" rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUsuario%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link style="font-family: trebuchet ms;" rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUsuario%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link style="font-family: trebuchet ms;" rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUsuario%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> 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<br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet ms;">O novo tende sempre a ser uma ameaça. O medo do desconhecido, do escuro. De fato, estar longe da zona de conforto é sempre uma insegurança. Assim como envelhecer. A vida, por si só, já nos surpreende com intimidações desde que nascemos. Sair do ventre, por exemplo. É um trauma. Tiram-nos do ambiente em que vivemos e nos colocam em um outro, muito mais frio, claro e barulhento. Depois vem o primeiro dia de aula: crianças jogadas aos leões, forçadas à convivência em sociedade. Chega o vestibular. Aos dezoito anos, um adolescente com piercing na sobrancelha tem que decidir se vai ser médico ou jornalista. Mais uma ruptura capaz de desviar todo o curso de uma carreira. Ou seja, viver é mudar. Mudar é viver.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: trebuchet ms;">Depois de um belíssimo prólogo à Pedro Bial, vamos ao ponto. Porque diabos as pessoas temem tanto o desconhecido, uma vez que ele faz e continuará fazendo parte da existência humana? Monologada a introdução da tragédia, vamos aos fatos: jornalistas tradicionais estão em pânico temendo o fim do jornal impresso. O fim do coronelismo das rotativas e do monopólio da informação.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: trebuchet ms;">Serei sincero. Até porque eu – como proprietário deste blog – tenho total liberdade de escrever o que eu quiser, da maneira que desejar. Esse medo da inevitável queda do papel noticioso é fundamentado? Não seria receio de uma nova concorrência intelectual, de novos entrantes do mercado, de uma gurizada que já nasceu dominando a tecnologia? A força motriz dessa discussão – assim como em todos os momentos de ruptura da história – é econômica e ideológica. A mesma que fez a Igreja abominar a democratização do mundo impresso. São apenas grandes conglomerados inquietos com a mudança de valores (espaço reservado para a dubiedade).</span>
<br />
<br /><span style="font-family: trebuchet ms;">A notícia ganha novas fontes. Agora ela pode vir do melhor amigo, da namorada, do pai. E o melhor: instantaneamente. Nesse contexto, surgem jornalistas apocalípticos denunciando o fim da profissão. Corram para as suas casas, o Satanás agora é porta-voz. A informação se desfez, a mentira chegou para amaldiçoar os seus lares. Pausa. Um tempo para respirar e enumerar alguns fatos: o ato de dar e receber notícia mudou. O receptor – estou falando do letrado, que tem acesso à informação - agora tem milhões de possibilidades de verificar a fonte. E é aí que os bons jornalistas e os bons veículos se destacam – e garantem o seu espaço no mercado, mesmo com a isenção da obrigatoriedade do diploma, com o crescimento das mídias sociais e com todos os experimentos que provém a democratização da informação. Não há motivo para tanto alarde, caros amigos. Os bons terão seus lugares ao sol. A sociedade não precisa de jornais. Precisa de jornalismo.</span>
<br /></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-7997890970459873312009-08-06T10:33:00.000-07:002009-08-06T11:08:46.743-07:00A fantástica morte de Silvio Santos.<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKsXJ1jGQEleAkPyA6SVrngiXUlbK95-zUDEvU3LXojXfLQDBjJUqkEXJNc_kwva-ZOPywYa3B0xUJ0gPjTiEtWKxmnvfsTixaeEnVMsWhs-4b32r7819M-kx6ZVFLS-NlKp6p6NfhgyI/s320/silvio-santos.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 245px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKsXJ1jGQEleAkPyA6SVrngiXUlbK95-zUDEvU3LXojXfLQDBjJUqkEXJNc_kwva-ZOPywYa3B0xUJ0gPjTiEtWKxmnvfsTixaeEnVMsWhs-4b32r7819M-kx6ZVFLS-NlKp6p6NfhgyI/s320/silvio-santos.jpg" /></a><span style="COLOR: rgb(153,153,153);font-size:85%;" ><span style="font-family:trebuchet ms;">Silvio Santos, 78 anos</span></span><br /><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><br />Curto e grosso: e se Silvio Santos morresse esta noite? Sim, caro leitor, Senor Abravanel é um ser humano que, como todos de sua espécie, cumpre um ciclo vital. Se Michael Jackson desapareceu, outros ícones também podem perecer de um dia para outro. Reflitam: como seria, melhor dizendo, como será (porque fatalmente vai acontecer uma hora) o ritual de passagem do Homem do Baú? Qual será a postura da Rede Globo? Vale lembrar o episódio em que o apresentador foi o tema da Escola de Samba Tradição, transmitido pela emissora carioca, com profissionalismo e respeito. Como transcorrerá a rotina na sede da Anhanguera? Como serão os domingos sem Silvio Santos?</span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Listemos alguns fatos relevantes: Senor Abravanel é um senhor de 78 anos, um representante da melhor idade. Por mais lúcido que possa parecer, ele, assim como qualquer indivíduo da sua idade, tem limitações físicas. E que tendem a aumentar com o tempo. O fascínio pela figura que Silvio exerce, contudo, nos faz esquecer que, ali no palco, junto às colegas de trabalho, tem um homem quase octogenário. </span><span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br />A vitalidade de Silvio Santos é, de fato, impressionante, assim como o seu poder de virar notícia. Tudo isso preservando ao máximo a sua vida pessoal. Questionado pela revista Veja, em 2000, sobre a sua aposentadoria – e provável ausência nos negócios do Grupo, o apresentador foi taxativo: “Os executivos dizem que se eu parar o SBT regride, o Baú não vende. É tudo mentira. Os executivos falam isso porque eles ganham bônus e acham que as coisas são mais fáceis com o Silvio Santos lá, porque o Silvio Santos é um bom vendedor etc. Mas eu acho que o SBT não pode depender mais do Silvio Santos. A Globo não é sinônimo de Tarcísio Meira, Regina Duarte, Xuxa, Faustão. Da mesma forma, o SBT não tem de ser sinônimo de Silvio Santos, Hebe Camargo, Gugu ou Jackeline. O SBT tem de ser uma linha de produção. Se o artista convier ao SBT, ótimo. Se não, troca-se e não acontece nada com a emissora.”<br /><br /></span><span style="font-family:trebuchet ms;">Há alguns meses, o SBT sofreu um grande desfalque, a saída de Gugu Liberato para a Record. Muita gente – inclusive eu, que publiquei uma coluna sobre o assunto – questionou sobre o tamanho do estrago que essa transferência causaria à imagem da emissora. Eis que Silvio ressurge das cinzas e promove grandes contratações, provando a todos que a pipa do vovô ainda sobe. E que ainda há tesão pelo veículo impulsor de todos os negócios do Grupo.</span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Há alguns meses, o site O Fuxico, especializado em notícias de celebridades, divulgou, em 22 de maio, a morte de Silvio Santos. Segundo a notícia, o empresário teve fortes dores no peito durante a gravação o quadro Fale com a Maisa. “Levado para o Hospital Albert Einstein, ele faleceu”, afirma o texto. A nota, contudo, era falsa. O motivo: invasão hacker no servidor do site.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br />Boatos envolvendo a vida do patrão, entretanto, não são recentes e nem exclusivos do ambiente virtual. Há algumas décadas, circulava no Brasil uma publicação sensacionalista com a manchete de que Silvio Santos estaria careca. Outro episódio, ainda mais fatídico, foi a controversa entrevista concedida à Revista Contigo, que estampava, na capa, que o apresentador estava doente, com mais seis anos de vida, e que o SBT havia sido vendido para a Televisa e para o Boni.<br /><br /></span><span style="font-family:trebuchet ms;">A princípio, a própria revista suspeitou que Silvio Santos estava fazendo uma galhofa. Amparada judicialmente e com a entrevista gravada, a publicação inseriu as declarações do dono do SBT ipsis literis. A “pegadinha” teve a magnitude de uma bomba atômica e comprovou a podridão e a irresponsabilidade das “mídias das fofocas”. O site Cocadaboa, dias depois, afirmou ter inventado a história. Disse, ainda, ter arranjado uma pessoa com a voz similar à de Silvio Santos e ludibriado a revista Contigo. Outra sandice. Era mais um boato revertendo outro boato.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br />Tarde demais. A semente da discórdia estava plantada e a árvore da desinformação em plena reprodução. A cada minuto surgia uma versão nova, um desmentido, uma confirmação. “O ‘monstro’ saiu de nosso controle e assumiu vida própria. O falatório assumiu várias formas e acabou ficando irreconhecível até para nós.” - afirmaram os editores do Cocadaboa, em matéria publicada no site. “Toda a ‘mídia parasita’ ajudou. Criamos o assunto descartável para entreter as vidas vazias dos coitados que passam a tarde inteira assistindo televisão”.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br />Um fato é certo. Falar de Silvio Santos vende, gera notícias e boatos. E o mais cômico é que, por trás disso, tem um empresário fanfarrão, que alimenta muitas hipóteses e faz questão de estar da boca do povo. Talvez sua morte seja mesmo refletida de maneira apoteótica. Será a passagem do maior e mais popular profissional da comunicação brasileira. </span><span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br />Como será a sua vida sem o Silvio Santos? Eu mesmo não sei responder, mas tenho certeza que não vai passar batida. Uma coisa, contudo, eu tenho convicção: um dia ele vai partir desta para uma melhor. Também não duvido que peguem esta coluna e publiquem minha “previsão”. A visão do publicitário-mãe-dinah em letras garrafais: “SILVIO SANTOS VAI MORRER”. Não duvido mesmo. Tem otário pra tudo.</span> </div></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-42210330947189299012009-07-23T06:46:00.000-07:002009-07-23T06:56:16.020-07:00O bê-á-bá do broadcasting: os hábitos de consumo.<div align="center"><a href="http://lidebrasil.com.br/site/wp-content/uploads/2009/06/milena.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 354px; DISPLAY: block; HEIGHT: 224px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://lidebrasil.com.br/site/wp-content/uploads/2009/06/milena.jpg" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;"> <span style="color:#666666;">Mylena Ciribelli, apresentadora do "Esporte Fantástico", recém-estreado.</span></span> </div><div align="center"><br /><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Palavras de um grande diretor de comercialização e marketing, Álvaro Iahnig: “TV é hábito”. Sentença que ouvi exaustivamente durante os três anos que trabalhei em uma rede de televisão. Praticamente uma lavagem cerebral. O óbvio ululante do planejamento em broadcasting. Tão evidente e intuitivo, mas que alguns executivos parecem desprezar. O resultado do descaso: grades voadoras, programas que estréiam e são cancelados antes de completarem um mês no ar e – principalmente – um enorme desrespeito ao telespectador.<br /><br />Criar e desenvolver hábitos de consumo são práticas que a Rede Globo adota – com sucesso - desde os anos 60. A conseqüência dessa sistematização é a notável fidelização de audiência que a emissora mantém, mesmo com o avanço das redes concorrentes. Dados do Painel Nacional de Televisão do mês de junho apontam para uma confortável liderança para a Vênus Platinada, com 16,8 pontos de média diária, ante 5,7 da Record e 4,9 do SBT.<br /><br />A diferença da grade da Rede Globo para suas duas principais concorrentes é justamente a previsibilidade do que vai ao ar. Ou seja, o telespectador sabe qual será a próxima atração. Já está consolidada no consciente coletivo brasileiro a disposição da programação: Vale a Pena ver de Novo, Sessão da Tarde, Malhação, novela das seis, das sete, Jornal Nacional, novela das oito e linha de shows. É sempre assim, necessariamente nessa ordem. Experimente agora citar a do SBT ou a da Record.<br /><br />A rede de Silvio Santos experimentou o dissabor de perder público devido às inconstâncias na programação. Uma estrutura tão volúvel que se tornou um mistério para o telespectador. O disse-que-disse tomou proporções maiores quando o patrão – em um dos seus espasmos criativos – resolveu fechar a assessoria de imprensa da casa, cerrando o contato com os formadores de opinião. Uma espécie de Ato Institucional: centralizador, ditador e insano. Tal postura deixou não somente o público perdido, mas também os funcionários do canal. Fato que rendeu um embaraçoso episódio no principal telejornal da emissora: a apresentadora, que deveria anunciar a atração seguinte, ficou embasbacada, sem imaginar o que ia ao ar. A produção tampouco. Quem salvou a cena foi o experiente Hermano Henning, que finalizou o assunto com um sorriso amarelo.<br /><br />Ao que parece, Senor Abravanel aprendeu a lição. Hoje já dá para supor a programação noturna do SBT: linha de shows 1, telejornal, novela e faixa especial. Até quando a grade será mantida é uma incógnita, mas o homem do Baú dá indícios de que vai honrar a fórmula. A não ser que ele acorde com o dente doendo. Aí tudo pode mudar. Ou não. Vai saber.<br /><br />No mesmo caminho está a Rede Record, cada dia mais inconstante. De acordo com a coluna Outro Canal, a emissora mudou a sua grade em São Paulo pelo menos 24 vezes num período de 57 dias. As alterações começaram em maio, quando Geraldo Luís deixou de apresentar o "Balanço Geral" paulista para dar lugar à edição carioca. Entre as reformas, houve também a ampliação do "Hoje em Dia" e mudanças no horário do "Domingo Espetacular" e do "Repórter Record" por conta da estreia de "A Fazenda", em 31 de maio. O caso mais recente foi o “Esporte Espeta...digo, Esporte Fantástico” que, em sua terceira apresentação, teve seu horário radicalmente corrompido, passando do meio dia para às 8h30. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></div></span><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"> <p> Todas essas alterações repentinas expõem insegurança e imaturidade por parte dos executivos das redes de TV. Uma aflição desenfreada por resultados financeiros e comerciais que pode afetar um importante elemento desse negócio: a credibilidade. Diante de uma derrapada no Ibope, mais vale fazer como a Globo, que leva a temporada até o término do seu ciclo (mesmo que antecipado) para somente depois cancelá-la. A série “Tudo Novo de Novo” e a malfadada novela “Negócio da China” são alguns exemplos. O respeito, assim como nas relações pessoais, deve se refletir também profissionalmente. Essa perda pode ser irreparável. Pensando bem, agora entendo meu ex-diretor, quando bradava incansavelmente que TV é hábito. Uma repetição salutar para todos os departamentos. O bê-á-bá da administração, que muitas vezes se perde no meio do caminho.</span></div></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-17139243991903142232009-07-08T13:40:00.000-07:002009-07-08T13:54:19.510-07:00Na velocidade da internet: uma rápida análise do Leitura Dinâmica.<div align="center"><a href="http://machadonetto.files.wordpress.com/2009/04/leitura_dinamica.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 202px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://machadonetto.files.wordpress.com/2009/04/leitura_dinamica.jpg" /></a><span style="font-size:85%;color:#999999;"> </span><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;color:#999999;">Renata Maranhão<br /></span><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Água e azeite: eis a relação do jornalismo da RedeTV! com o restante da programação do canal. Chega a ser paradoxal. A mesma emissora que transmite uma grade chula, sustentada, sobretudo, por sensacionalismo, veicula também produtos exemplares. De fato há uma certa indissolubilidade nesta estrutura. Uma postura bastante saudável, visto que essa separação preserva e salvaguarda o departamento de comunicação social da casa. Hoje, em rede nacional, são transmitidos quatro telejornais: RedeTV News, É Notícia, Good News e as duas edições do Leitura Dinâmica, que apresenta os principais fatos do dia de forma rápida e concisa. </span></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="justify"><br />Exibida de segunda a sexta-feira, no fim de noite, a revista eletrônica da RedeTV! destaca-se por seus avançados recursos gráficos e cenários virtuais de última geração. Em pauta, notícias do Brasil e do mundo, política, números do mercado financeiro e curiosidades, acompanhados de uma dose de opinião. Tudo abordado de forma muito leve e agradável, com amplo espaço dedicado para a cultura e para o entrenimento. </div><div align="justify"><br />O Leitura Dinâmica estreou em 21 de novembro de 1999, com a proposta de ser uma revista dominical. Em sua primeira fase teve a apresentação de Milton Jung. Na época, contava com a participação de Daniel Piza, que mantinha uma coluna de críticas. A aceitação do público ao formato inovador fez com que a atração passasse a ser diária em outubro de 2001. Assim, ganhou reforços na equipe de produtores e editores e uma nova apresentadora, Rita Lisauskas. Na seqüência, vieram Cláudia Barthel e, a partir de janeiro de 2004, Renata Maranhão, que ocupa o posto até hoje.</div><div align="justify"><br />Em 2008, o Leitura Dinâmica ganhou uma versão matutina, ancorada inicialmente por Cristina Lyra e, posteriormente, por Cláudia Barthel. Sucesso de crítica, o programa também é um êxito comercial. Configura-se como o quinto maior faturamento da RedeTV! e como a marca mais desejada da emissora, na opinião do mercado. </div><div align="justify"><br />O título da revista eletrônica remete à proposta da leitura dinâmica, um método que consiste basicamente na assimilação das frases de forma rápida e clara, mantendo o entendimento apesar da velocidade. O formato lembra a estrutura textual da Internet, concisa e direta. Tal característica atrai, sobretudo, as classes mais privilegiadas, com acesso à tecnologia.</div><div align="justify"><br />Na pauta, além das notícias breves, há também espaço para o entretenimento: moda, personalidades, cinema, artes, divertimento eletrônico e internet. Neste aspecto, o jornalístico inova ao abordar música alternativa e novas mídias para pessoas que entendem do assunto, sem subestimar a inteligência do telespectador. Por isso, diferencia-se dos jornais tradicionais, que investem em pautas pasteurizadas e de “interesse comum”. Para os editores do Leitura Dinâmica, o receptor não é um “Homer Simpson”. Há uma preocupação formal e estética com o conteúdo, sem melindres de se enquadrar como uma atração segmentada.</div><div align="justify"><br />Na contra-mão dos produtos rasos da RedeTV!, o Leitura Dinâmica é uma escola quando o assunto é entretenimento cultural. Uma prova de que é possível desenvolver uma pauta de qualidade, sem envolver gastos exorbitantes e nem apelar para a baixaria ou para o sensacionalismo barato. De fato, há um abismo cultural entre a divisão de jornalismo do canal e o restante da programação. Um departamento com anticorpos que resistem a uma grade doente, infectada por atrações religiosas de quinta categoria, tele-vendas e programas de fofocas que sequer cutucam nossas mentes a alguma atividade cerebral. Pensando bem, que continue assim. Cada um no seu quadrado.</span> </div></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-12634689573897835752009-06-18T08:06:00.000-07:002009-06-18T08:10:12.084-07:00Nos bastidores da Anhanguera<a href="http://oglobo.globo.com/fotos/2008/05/27/27_MVG_retv_gugu4.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 212px; DISPLAY: block; HEIGHT: 249px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://oglobo.globo.com/fotos/2008/05/27/27_MVG_retv_gugu4.jpg" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">O circo está armado. Especulações por todas as partes, um disse-que-disse generalizado, um bafafá desenfreado nos bastidores. Eis o mais novo capítulo da competição entre a a Record e o SBT. A disputa pelo passe de Gugu Liberato, de 50 anos. A peleja, entretanto, vai além de uma mera questão de valores. Assume um forte valor simbólico. Trata-se de um dos pilares da emissora da Anhangüera. A possível perda pode acarretar em um sério dano institucional e representar a derrocada da identidade da emissora de Silvio Santos, que vem sofrendo de sucessivos arranhões em sua imagem.<br /><br />A proposta da Record é generosa: renda mensal de R$ 3 milhões, um programa dominical e uma série de benefícios, como aumento do espaço na grade nos próximos oito anos, período do contrato. Especula-se, ainda, que a emissora de Edir Macedo oferece um espaço na Record Internacional, o canal brasileiro mais acessível no exterior. Caso aceite, Gugu poderá ser visto em 160 países. O vínculo do apresentador com o SBT encerra em março de 2010. Caso optem por quebrar o contrato, a rescisão gira em torno de R$ 15 milhões.<br /><br />Situação semelhante aconteceu em agosto de 1987. No auge do extinto “Viva a Noite”, Gugu assinou um contrato com a Rede Globo. A notícia gerou polêmica e estampou tablóides e revistas de fofoca. Inconformado, no sábado de Carnaval de 1988, o empresário Silvio Santos foi pessoalmente à sala do dono da emissora carioca, Roberto Marinho, para pedir a permanência do apresentador no SBT. Nesta negociação, Augusto Liberato recebeu uma proposta milionária: um salário dez vezes maior, parte da programação de domingo e ganhos com publicidade.<br /><br />A relação do apresentador com Silvio Santos é antiga. Gugu começou na televisão aos quatorze anos, como assistente de produção no Domingo no Parque. Desde então, passou a ter sua imagem vinculada ao homem do Baú. Sua passagem no SBT é marcada por altos índices no Ibope, em especial no final dos anos 90 e início dos anos 2000, quando emplacou sucessivas vitórias contra a Rede Globo. Ainda hoje é a maior audiência da casa.<br /><br />Para o SBT, perder o apresentador implica em abrir mão de parte de sua história. Significa virar a página de uma parceria que já fez grande sucesso e que ainda gera uma excelente receita publicitária. E o pior: fomenta ainda mais o status de um canal decadente. Segurar o moço loiro na Anhangüera é uma questão de orgulho. Talvez uma necessidade de sobrevivência. De algum vínculo com o SBT do passado, uma rede popular, inovadora e até inconsequente, que enfrentou uma hegemonia pesada com uma programação criativa e diferenciada.<br /></span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-53398655120745789062009-05-25T12:29:00.000-07:002009-05-25T12:42:50.096-07:00A fabulosa fábrica de neuróticos<div align="center"><a href="http://images.ig.com.br/publicador/ultimosegundo/187/187/86/832849.babado_maisa_silvio_santos_1gente___fotos_210_280.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 280px; DISPLAY: block; HEIGHT: 210px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://images.ig.com.br/publicador/ultimosegundo/187/187/86/832849.babado_maisa_silvio_santos_1gente___fotos_210_280.jpg" /></a><span style="font-size:78%;"> </span><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;"><span style="font-size:78%;color:#666666;">Participação de Maísa no Programa Silvio Santos</span><br /></span><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Basta um zapping. Uma rodada entre os canais abertos para comprovar a inadequação da programação televisiva para as crianças. No SBT, o apresentador Ratinho esquenta a audiência noturna, passando o bastão para séries enlatadas, incapazes de incitar nos pequenos qualquer tipo de reflexão aproveitável. Na Band, a situação piora. Entre berros e matérias que apelam para uma carnificina desenfreada, Datena destila comentários violentos, ilustrados por imagens fortes e impactantes. Trocando de emissora, na RedeTV!, é possível encontrar algo um pouco mais apropriado, mas ainda bem distante do ideal: os desenhos violentos do TV Kids. O problema está logo depois da sessão de animes, no apelativo TV Fama, com bastidores de ensaios sensuais, matérias fúteis e “flagras” sobre a vida dos “famosos”. Muda de estação. Na Globo, aquela velha fórmula de sempre: novela 1, jornal, novela 2. São folhetins um pouco mais leves, mas que trazem mensagens adultas e assuntos polêmicos. Na Record, um respiro: o antiquíssimo Pica Pau, seguido de outros produtos jornalísticos. Filtrando a grade das principais emissoras comerciais, das 17h às 20h, eis o resultado do que poderia ser assistido pela garotada: um cartoon da década de 50 e desenhos japoneses. </span></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="justify"><br />Desligar a televisão e propor outras atividades pode ser uma boa oportunidade de distrair as crianças no início da noite. No entanto, estamos no Brasil, um país subdesenvolvido, repleto de proletariados que trabalham muito além da carga horária ideal. Uma nação que cultua a babá eletrônica e que vê nela uma forma eficaz de ocupar a mente dos pequenos ociosos. </div><div align="justify"><br />Nas redes abertas, as únicas alternativas viáveis de oferecer entretenimento de qualidade são as TVs Educativas, muitas vezes escondidas em sinais UHF. De fato, os canais comerciais vivem de faturamento. Investir em um público segmentado, no horário noturno, é arriscado e pode comprometer as vendas. Algumas dessas emissoras, contudo, já apostaram em dramaturgia para as crianças. Experiências ousadas que obtiveram boa audiência e excelente faturamento.</div><div align="justify"><br /><strong>Os primórdios da dramaturgia infantil</strong></div><div align="justify"><br />A televisão ainda engatinhava. Algumas poucas telenovelas já haviam sido exibidas quando a TV Tupi lançou, baseada na obra homônima do escritor alemão Hans Erich Seuberlich, Angelika, voltada especialmente ao segmento infantil. O folhetim, exibido em 1959, era exibido ao vivo, em preto e branco. Como não havia videoteipe, não restaram registros desta obra. Apenas fotos e lembranças de uma produção ingênua, bem caprichada para a época.</div><div align="justify"><br /><strong>As produções recentes: as novelas musicais de Cris Morena adaptadas no Brasil</strong></div><div align="justify"><br />Um orfanato, um triângulo amoroso, uma governanta mal amada e crianças à mercê da caridade alheia: os ingredientes perfeitos para um dramalhão repleto de clichês. Ledo engano. Essa fórmula, criada por Cris Morena em 1995, atravessou a Argentina, sua nação de origem, e conquistou diversos países, incluindo aqueles com forte vocação em dramaturgia, como o Brasil e o México. A trama, batizada de Chiquititas, teve a sua versão brasileira produzida entre 1997 e 2000, com cerca de 700 capítulos, exibidos com algumas pequenas pausas durante as férias. O grande destaque da trama exibida pelo SBT, contudo, não foi propriamente o seu enredo, mas sim os seus interessantes musicais, com temas lúdicos e rimas fáceis. O formato musicado de Morena obteve enorme aceitação. Empatia que gerou uma farta receita publicitária, com o lançamento de bonecos, revistas, peças de teatro, CDs e muitos outros badulaques com a marca da novela.</div><div align="justify"><br />A mesma autora teve outra trama bastante popular no Brasil, desta vez na Band: Floribela. Voltado para todas as idades, o folhetim teve duas temporadas, aproximadamente 340 capítulos e dois álbuns com a trilha sonora original. O recurso do videoclipe, assim como em Chiquititas, foi amplamente utilizado. A linguagem jovem e o visual multicolorido inspiraram muitas crianças e pré-adolescentes, que tinham à disposição dezenas de produtos licenciados.</div><div align="justify"><br /><strong>A dramaturgia infantil brasileira</strong></div><br /><div align="justify">No Brasil, várias novelas foram direcionadas para o público infanto-juvenil. Algumas delas contiveram apenas núcleos com a garotada, enquanto que outras assumiram completamente essa segmentação, com histórias criativas e alguns personagens fantasiosos. Destaque para o “Meu Pé de Laranja Lima” (Band) e “Caça Talentos” (Globo). </div><br /><div align="justify">O trunfo da dramaturgia infantil brasileira, entretanto, está nos seriados, com forte destaque para a TV Cultura, ganhadora de diversos prêmios por suas produções. A trilogia Ra Tim Bum, do escritor e diretor Flávio de Souza, foi sucesso de crítica e já garante o seu status de “clássico”. Outros títulos merecedores de aplausos: O Menino Maluquinho, Cocoricó e Turma do Pererê. Até mesmo as TVs comerciais já tiveram seus dias de glória, com o Sítio do Picapau Amarelo, Vila Sézamo, Shazan, Xerife & Cia, além dos programas especiais, como os inesquecíveis Pluct Plact Zum e A Arca de Noé.</div><br /><div align="justify"><strong>O diagnóstico</strong></div><br /><div align="justify">A TV aberta amarga uma das piores safras de atrações infantis da história. Destaque para o lastimável desempenho da pequena Maísa no Programa Silvio Santos. A menina tinha sua intimidade invadida todo domingo e frequentemente era ridicularizada no palco. Uma exposição desnecessária que pode trazer sérias consequências para a garota. </div><br /><div align="justify">Diante deste cenário, fica a pergunta: existe diversão saudável na TV aberta? A resposta é afirmativa. Basta sintonizar as redes públicas. Nelas, é possível encontrar opções inteligentes de entretenimento que podem contribuir efetivamente para o desenvolvimento das crianças. Outra boa alternativa são os canais pagos. O lamentável é que, aqui no Brasil, o acesso aos bons serviços é cobrado. Em outras palavras: filho de pobre tem que se contentar com as imbecilidades da Xuxa. Deve enfrentar as filas do SUS quando ficar doente e se submeter à educação precária da rede pública. Essa é a realidade do nosso país. Os humildes são nutridos pela ignorância e pelo total esvaziamento intelectual, desde muito cedo. A televisão, mais do que entreter, passou a cumprir um caráter educacional. Função que nunca foi dela. Assim, em vez de contribuir na formação dos indivíduos, a TV deforma esse processo. Quer saber mais? Pergunte para a Maísa.</span> </div></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-1203679854542655452009-05-05T12:08:00.000-07:002009-05-05T12:45:03.872-07:00O Diário Secreto do Superpop.<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtcy4Dsjs1Q1PQ6enQf4AivoYoEn1-awhP-cwQLfQxxHcfepSJVNhur4GtpG_DrNXLqgCvzhtm8gLMwGvHtYK5RYUjYmCltUcx7L8IRj9J2SAoHV20ZpVTpVnsCdpjR5C2GwfaILu2Pt8/s400/Luciana-superpop-333-site.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 333px; CURSOR: hand; HEIGHT: 255px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtcy4Dsjs1Q1PQ6enQf4AivoYoEn1-awhP-cwQLfQxxHcfepSJVNhur4GtpG_DrNXLqgCvzhtm8gLMwGvHtYK5RYUjYmCltUcx7L8IRj9J2SAoHV20ZpVTpVnsCdpjR5C2GwfaILu2Pt8/s400/Luciana-superpop-333-site.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:lucida grande;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#666666;">Luciana Gimenez</span><br /></span></span><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">A nova música de Rita Cadilac, o lançamento do filme pornô de Julia Paes, o mais recente hit de MC Créu, as confissões de Thamny Gretchen e a banheira erótica da Mulher Moranguinho: estas são algumas atrações do Superpop, exibido de segunda a quinta-feira por Luciana Gimenez. Há quase dez anos no ar, o programa aposta no grotesco e no sensacionalismo, com temas – e factóides – polêmicos, geralmente acompanhados de um ar kitsch de jornalismo investigativo. O ambiente perfeito para sub-celebridades armarem os seus barracos e discutirem futilidades, que, na maioria das vezes, não levam ninguém a lugar algum.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtHgp4RAYACefK-E20pB-tyITGGlLxrYrK8TpkOodJJ3IGZm87BDBqNXjCXq7bwZ82KbujazHbUlGlv3lXoUMnsOjF9tcSsAJqwxGY6gOpKpTacwM_UCkEPIupyTchw5RpiR_dE45aYbQ/s1600-h/rep_galisteu.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5332420778673839346" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 156px; CURSOR: hand; HEIGHT: 221px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtHgp4RAYACefK-E20pB-tyITGGlLxrYrK8TpkOodJJ3IGZm87BDBqNXjCXq7bwZ82KbujazHbUlGlv3lXoUMnsOjF9tcSsAJqwxGY6gOpKpTacwM_UCkEPIupyTchw5RpiR_dE45aYbQ/s320/rep_galisteu.jpg" border="0" /></a>Em sua primeira fase, ancorada por Adriane Galisteu, o Superpop teve uma roupagem jovem, com tons explicitamente inspirados na cultura pop. O DJ Zé Pedro, com seu vestuário extravagante compunha um mix bastante divertido. Mesmo com um orçamento enxuto, a pauta era criativa e variada, atraindo, segundo pesquisas daquele ano, mulheres entre 25 e 40 anos e médias em torno dos 3 pontos, significativos para uma emissora iniciante.<br /><br />Dez meses depois, Galisteu, sem aviso prévio, trocou a RedeTV! pela Record. O golpe foi tão imprevisto que uma solução de emergência teve de ser arquitetada. Assim, Otávio Mesquita e Fabiana Saba foram escolhidos para cobrir o buraco. De mãos atadas, os diretores sentenciaram que a escolha da substituta de Adriane seria anunciada por votação direta dos telespectadores. Além de Luciana Gimenez, várias opções foram cogitadas, como Monique Evans, Astrid Fontenelle, Susana Werner, Rita Lee, Luana Piovani e Cátia Fonseca.<br /><br />Apesar de não ter sido a candidata mais votada pelo público - que elegeu Monique Evans como preferida - Luciana foi a felizarda "por se encaixar mais com o perfil do programa". Logo em sua estréia, a ex-modelo foi implacavelmente achincalhada por causa dos deslizes que cometia contra a língua portuguesa, fruto de doze anos de vivência no exterior. Em entrevista para a Revista TPM, a apresentadora mostrou ter superado todas as críticas: “Eu mudei do Brasil com 16 anos e perdi a fluência. As pessoas que ‘jo­garam pedra na Geni’, hoje se sentem cul­padas e têm um carinho extra por mim” - completa.<br /><br />Questionada sobre a qualidade dos temas exibidos no palco, Luciana responde com ironia. Diz não se tratar de baixaria, mas de conflito social. Relembra, ainda, as importantes entrevistas e matérias que realizou. Destaques para Fernando Col­lor, Britney Spears, Bryan Adams, Mi­ck Jagger e Marta Suplicy. Defende também já ter privilegiado pautas de interesse público, como parto na á­gua, HPV e cân­cer de mama. Esses assuntos, contudo, não rendem bons índices no Ibope, segundo o parecer da apresentadora.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4JKshUAjgkLMkIEr-0_OVDp2RKdmipp0oopjIkCc137lnGWaE5nvwqTxU5_LywtEjmr1czpB8budAtBW2-PWz4WrU55D0U1zkP2lIgMTVe2refavmjJuF6Kko1MPRkENn5r5bh46v_Z1u/s400/FunkSuperPopParte2.jpg"></a>A receita da “popularidade” é previsível: sensacionalismo barato, manchetes chamativas e pautas extravagantes. Para acalorar o espetáculo, participam modelos, parentes de famosos, ex-BBBs, garotas de programa, médicos e especialistas, discutindo, juntos, temas polêmicos, como homossexualidade, prostituição, cirurgia plástica e religião. Às vezes, o debate toma rumos inadequados, com opiniões de quem pouco ou nada sabe do que está falando. Patético!<br /><br />Outra característica reincidente é a predileção por certos convidados, como Thammy Gretchen. A filha da rainha do rebolado sempre entra em cena para abordar a sua orientação sexual: desabafo, desculpas à mãe, filme pornô gay, desejos e relacionamentos. Com intuito de apimentar a contenda, a produção escala alguns “antagonistas”, que se prestam a espezinhar a moça, com comentários homofóbicos. Arma-se, então, um barraco esdrúxulo, com direito à gritaria da platéia e às caras de bocas de Gimenez.<br /><br />O programa conta ainda com vários outros quadros, como “O Diário Secreto”, um rascunho do “Arquivo Confidencial” do Faustão. Só que, em vez de Regina Duarte no papel de homenageada, o centro das atenções é Bruna Surfistinha. Há também os desfiles de moda, às quartas-feiras, em que moças desfilam lingeries no palco. A união perfeita do merchandising com o apelo erótico. Em seguida, entra Ronaldo Ésper, com a sua avaliação da roupa dos famosos. O estilista, depois do caso do roubo de vasos no cemitério, ganhou um pouco de senso do ridículo, mas não o suficiente para impedi-lo de dançar suas músicas. Por fim, tem o insuportável “Popparazo”, um rapaz que persegue as celebridades com a sua câmera. Nas imagens, flagras imperdíveis, como a Gretchen comendo pastel de carne, Vivi Fernandes tomando caldo de cana com um “suposto affair”, e outras pérolas do gênero. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span> </div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></div></span><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 267px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://audienciadatv.files.wordpress.com/2009/02/superpop_creu.jpg" border="0" /> <span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;color:#666666;">Crééééu</span> </span></div><div align="center"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="justify"></div><div align="justify">Na tentativa de elevar o nível da atração, a RedeTV! buscou promover, em dias específicos, pautas jornalísticas e investigativas, como "Na mira da mídia”, um quadro que mostra apenas os casos mais conhecidos e batidos da semana. Destaque para a entrevista de Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina Jatobá, entrevistado sobre o suposto crime que a filha teria cometido. Outra edição controvérsia foi protagonizada pelos sargentos Laci Marinho de Araújo e Fernando de Alcântara Figueiredo. O interrogatório se transformou em um show, quando ao vivo, foi informada a prisão de Araújo pelo Exército.<br /><br />Esta postura mais séria do Superpop, contudo, não cobriu com sucesso nem a proposta inicial de entretenimento, tampouco a cobertura de informações jornalísticas. Assim, a direção resgatou, sem grandes inovações, um velho formato, que fez muito sucesso em meados da década de noventa: a “banheira”. Em vez da água, todavia, apostaram em um novo ingrediente: o chantili. Tudo para justificar a presença da insinuante Mulher Moranguinho, incumbida de impedir com que os rapazes recolham as frutas. Um verdadeiro show pornô, com picantes closes ginecológicos. O mesmo esquema do falecido quadro do Gugu, mas em um horário bem mais permissivo.<br /><br />O mais curioso é que o Superpop não é tão povão como sugere seu nome. Seu perfil é altamente qualificado, assistido diariamente por cerca de 250 mil telespectadores (só na Grande São Paulo), de clas­ses predominantemente A e B, segundo o Ibope. A audiência também é interessante, uma das maiores da RedeTV!. É o típico programa que as pessoas escondem acompanhar. Muitas delas se dizem abduzidas no momento do zapping. Pura balela! As madames também apreciam uma boa baixaria na TV, desde que salvaguardadas no silêncio de suas salas. O trash seduz. Quem nunca foi atraído que atire a primeira pedra.</span></div></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-66589124100118112502009-04-23T10:49:00.000-07:002009-05-25T12:28:27.709-07:00Mais casos, menos famílias.<div align="left"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 380px; DISPLAY: block; HEIGHT: 261px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://ofuxico.terra.com.br/admin/smarty/templates/img_upload/2009/04/Cristina%20Rocha%20600x400%20070409.jpg" /></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;color:#999999;">Christina Rocha</span> </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">O popularesco está de volta. Na tentativa de reverter o esvaziamento da audiência, Silvio Santos recorre à velha fórmula que consagrou o SBT: a exploração do apelo popular. Estilo que posicionou a emissora no mercado e, em pouco tempo, a elevou à categoria de vice-líder. A mesma diferenciação que espantou, por muito tempo, anunciantes de peso, fazendo a Rede operar no vermelho. Numa ofensiva contra o crescimento da Record, o canal ressuscita atrações que fizeram sucesso no passado: o “Programa do Ratinho”, o “Show da Gente” e o “Casos de Família”, o objeto desta análise. Uma estratégia comodista, preguiçosa e rançosa. A mesma que estimulou a estréia das malfadadas releituras de “Aqui Agora”, “Viva a Noite” e “Fantasia”. Apertem os cintos, o Patrão voltou no tempo e o piloto sumiu.</span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><p align="justify">A partir do dia 4 de maio, diariamente, das 16h30 às 17h30, o SBT vai transmitir o novo “Casos de Família”, bem diferente da estrutura assistencial que a competente jornalista Regina Volpato levava ao ar. A ordem agora é chocar, inflamar discussões, armar o barraco. Saem os casos humanos narrados de forma civilizada, entram as gritarias. É o retorno de Christina Rocha, que acaba de sofrer uma verdadeira "venezuelização", já que a proposta é ser o mais fiel possível ao formato adquirido pela produtora Venezuelana.</p></span><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><p align="justify">Depois que Volpato abandonou o programa, desgostosa com as imposições que lhe foram feitas, o SBT partiu em busca de uma substituta que se encaixasse ao novo perfil. Com a saída de Regina, a emissora produziu pilotos com Olga Bongiovanni, Claudete Troiano, Márcia Dutra e Christina Rocha. A palavra final, como sempre, foi a de Silvio Santos, que elegeu a ex-apresentadora do “Aqui Agora” para ancorar a atração.</p></span><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><p align="justify">Historicamente, o programa apresenta perfil feminino, com predomínio das classes ABC e faixa etária acima de 25 anos. Um segmento bastante atrativo para o mercado publicitário. Estes dados, contudo, são referentes aos tempos de Volpato, que mediou a atração de maio de 2004 até março de 2009. Desde que estreou no comando de “Casos de Família”, Regina rompeu preconceitos e provou que é possível manter a elegância num “telebarraco” e não explorar o drama de pessoas humildes, que se prestam a contar na TV o que deveria ficar restrito às suas casas. A ordem agora, contudo, é seguir o caminho inverso: provocar escândalos, chamar atenção e atrair audiência, seja ela qual for. E o antigo telespectador? Será atraído pela nova proposta? E os anunciantes? Eles vão querer associar suas marcas a este tipo de conteúdo? <p align="justify"></span></p><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="justify"><br /></div><p align="justify"></span><span style="font-family:trebuchet ms;">Ao que parece, o SBT está resgatando sua imagem popularesca, baseada numa programação de fácil aceitação pelo público. A mesma que lançou humorísticos quentes e shows intimistas, como "Reapertura", "Moacyr Franco Show", "O Homem do sapato branco", e o "Povo na TV", no início dos anos 80. Com tal direcionamento, a Rede alcançou rapidamente uma posição de destaque em audiência, chegando a uma participação de 24% e 30% no primeiro e segundo ano de operação. </span><br /></p><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Esses resultados estimularam uma mudança de postura. De 1983 a 1987, a emissora investiu em programas populares, mas já aliados a uma preocupação com a qualidade. Estratégia intensificada entre 1988 e 1990, com a contratação de Boris Casoy, Jô Soares e Carlos Alberto de Nóbrega. Nesse período estrearam "Aqui Agora", "Programa Livre", "Jô Onze e Meia”, "A Praça é nossa" e "Cinema em Casa". Com uma grade qualitativa, contudo, a Rede experimentou um decréscimo na sua participação em audiência, caindo para 22%. Em compensação, pulou para 15% de no share publicitário. Prova de que os números do IBOPE, a comercialização e o prestígio nem sempre andam juntos.<br /><br />Em resposta à ascensão comercial da Record, a partir de 2004, o SBT tentou re-qualificar sua grade com maciços investimentos no jornalismo e na dramaturgia. Aos poucos, a emissora sofisticou seu casting e perdeu parte do apelo popular. Tal atitude, todavia, veio acompanhada de uma substancial queda na audiência.<br /><br />Se antes aquele estilo pop do SBT tinha um ar cult, hoje envelheceu. Tornou-se apenas brega – o que explica em parte o esvaziamento da identidade da emissora. A estréia do novo “Casos de Família” é um desses exemplos desesperados de voltar no tempo. Troca o perfil, substitui a apresentadora. Muda também o telespectador qualificado, que migra para outras propostas mais interessantes – e cada dia mais escassas na TV aberta. Só falta contratarem o João Kleber para acelerar a metástase da grade vespertina, já convalescente desde o regresso de Márcia Goldschmidt. É o mundo cão ressurgindo das cinzas, mais forte do que nunca.</span></p>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-46438095329172412952009-04-08T11:43:00.000-07:002009-04-08T12:20:02.456-07:00Big Brother Brasil: a voz dos excluídos.<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIAfBZEacBjne0e5sWy2M56qwkv9l4v0m3Oh9TF7jhl6xxHwSeHwYPASSo-8fLOzSEOXr4UlcQY0LOqW7rzbo1JDJhBXkPANFvkbF0H-A3wao6a-XTDhl4eqDbBPoS9nsXvpzusnPA-t4/s1600-h/FIM+BBB.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5322398980993579666" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIAfBZEacBjne0e5sWy2M56qwkv9l4v0m3Oh9TF7jhl6xxHwSeHwYPASSo-8fLOzSEOXr4UlcQY0LOqW7rzbo1JDJhBXkPANFvkbF0H-A3wao6a-XTDhl4eqDbBPoS9nsXvpzusnPA-t4/s320/FIM+BBB.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;color:#666666;">Max, Fran e Pri: finalistas do BBB 9</span> <div align="center"><br /></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Esta semana, o Brasil conheceu o mais novo vencedor do Big Brother: Max Porto. Com apertados 34,85% dos votos, o carioca venceu Priscila e Francine e conquistou o prêmio máximo do programa. De quebra, ainda terá seus 15 minutos de fama que, se bem administrados, podem render mais alguns rendimentos. Final feliz para o bem, punição para o mal (se é que esta edição teve algum vilão de fato) e a resolução de uma trama de conflitos que atraiu os sentimentos de compaixão e justiça em mais de 40 milhões de espectadores-consumidores. Enfim, os brasileiros podem começar o ano e tocar suas vidinhas adiante. A novela acabou e, com ela, todos os argumentos de luta, usados pelos participantes do jogo, para transpor as barreiras da vida e das armadilhas de seus adversários. O povo fez a sua parte. Endossou um investimento milionário que não vai levar ninguém a lugar algum.<br /><br />O formato do Big Brother não por acaso tem os ingredientes de um melodrama. Os aspirantes à fama são escolhidos entre milhares de candidatos, por meio de uma seleção direcionada, pressupondo certos encadeamentos, já que eles foram eleitos segundo características físicas e emocionais preestabelecidas. Lá estão a mocinha, a gostosa, o bonitão, a chorona, os vilões e, como não poderia deixar de ser, os representantes das minorias.<br /><br />Durante nove edições, os telespectadores assistiram a verdadeiras “tramas comportamentais”, com a real possibilidade de interagir com o enredo, punindo ou premiando a ação dos “brothers”, através de atividades programadas, como o “big boss” e a “votação popular”.<br /><br />Ao longo dos paredões, os participantes foram assumindo seus personagens. Fato curioso é a predileção do público brasileiro pelas "minorias sociais". No BBB observa-se que os candidatos mais populares repetem um padrão de identidade associado a arquétipos de personalidade. Listemos os vencedores de todas as temporadas: o ignorante boa praça (Bam Bam), o rústico (Rodrigo Caubói), o caipira influente (Dhomini), a babá de bom coração (Cida), o intelectual gay (Jean), a mãe da menina com necessidades especiais (Mara), o herói (Diego Alemão), o feirante fiel (Rafinha) e, finalmente, o artista sincero (Max).</span></div><br /><div align="center"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 385px; CURSOR: hand; HEIGHT: 233px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://oglobo.globo.com/fotos/2006/11/27/27_MHG_cult_bbb.jpg" border="0" /><span style="color:#666666;"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">Cida: a primeira mulher a vencer o BBB</span> </span></div><div align="center"><span style="color:#666666;"></span> </div><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="justify">Margaret e Pearson (2001) definiram doze arquétipos que se expressam na vida das pessoas. Alguns deles são facilmente identificados nos participantes do programa. São eles: o prestativo (Mara, BBB 6); o governante (Jean Willis, BBB 5); o bobo da corte (Fran, BBB 9); o cara comum (Buba, BBB 4); o amante (Thyrso, BBB 2); o herói (Alemão, BBB 7), o fora-da-lei (Tina, BBB 2), o mago (Monge, BBB 6), o inocente (Bam Bam, BBB 1), o criador (Iris, Alemão e Fani, BBB 7); o explorador (Doutor Rogério, BBB 5) e, por fim, o sábio (Jean Massumi, BBB 3).<br /><br />No Big Brother Brasil 5, Jean Willis inflamou o programa ao se declarar gay e denunciar homofobia dentro da casa. Na condição de "minoria oprimida", caiu nas graças do público e da crítica. O caminho adotado pelo psiquiatra Marcelo, na oitava edição do reality, contudo, foi diferente. De forma consciente ou não, ele buscou explorar a roupagem sexual mais adequada para ser aceito por seus pares. Ambas personalidades se destacaram na competição. O escritor baiano faturou a premiação da quinta temporada, vencendo, inclusive, Grazi Massafera. Um avanço e tanto para um país ainda homofóbico e preconceituoso.<br /><br />Fazer parte da minoria, contudo, não é fator determinante para o jogo. Esta edição do BBB, por exemplo, contou com dois “brothers” da terceira idade: Naiá (61) e Norberto (63). Ambos foram eliminados pelo público, com 52% e 55% dos votos, respectivamente. </div><div align="justify"><br />No Brasil, ao contrário das versões internacionais, o Big Brother costuma separar dois sub-grupos de personalidades: os “marginalizados” e os "aspirantes à fama", com seus biotipos esculturais e certo grau de arrogância ou isolamento. A seleção destes "excluídos", além do jogo cênico que proporcionam, tem uma explicação comercial muito clara: gera identificação com um público consumidor em franca expansão. As classes C, D e E, enfim, viram-se representadas na tela da Rede Globo. Desta vez no papel de herói da vida real. Com isso, esse estrato populacional passou a interagir com o programa, na esperança de compensar seus personagens favoritos da pobreza em que viveram ou pela vida difícil que tiveram. Vitória dos excluídos, da esperança e da demagogia. O Big Brother, mais que um microcosmo da realidade brasileira, tornou-se uma reação global a um ato de preconceito que nos revela que as minorias estão se dando conta de seu poder.</div><div align="justify"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">MARK & PEARSON (2001). O Herói e o Fora-da-Lei: como construir marcas extraordinárias usando o poder dos arquétipos. Cultrix, São Paulo.</span></div></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-7236855311863024822009-03-30T14:30:00.000-07:002009-03-31T06:17:28.462-07:00O filé mignon em tempos de vacas magras<div align="center"><a href="http://www.leriado.net/wp-content/uploads/2009/01/big_brother_brasil_2.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 402px; CURSOR: hand; HEIGHT: 263px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://www.leriado.net/wp-content/uploads/2009/01/big_brother_brasil_2.jpg" border="0" /></a><span style="color:#c0c0c0;"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;color:#999999;"> E o faturamento vai bem, obrigado.</span> </span></div><span style="color:#c0c0c0;"><div align="justify"><br /></div></span><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Todo início do ano é assim: calor, recesso escolar, viagens e carnaval. Motivos suficientes para tirar o telespectador da frente da televisão. No verão, alguns programas têm sua audiência reduzida em mais de 30%, o que pode comprometer seriamente o seu faturamento. Diante desta evasão, comum nesta época, as emissoras começam a repensar suas grades. Reprisar os melhores momentos das atrações durante as férias dos apresentadores, por exemplo, tornou-se um luxo inadmissível. Os índices desabam, bem como as veiculações comerciais e as ações de merchandising. A ordem agora é deixar edições inéditas pré-gravadas. O público já não engole qualquer coisa, ainda mais com um dia de sol como concorrente.<br /><br />Com orçamento reduzido e audiência em dispersão, as redes de TV têm que usar e abusar da criatividade para gerenciar formatos que ocupem a programação de forma econômica e lucrativa. A Rede Globo, por exemplo, interrompe, de janeiro a abril, a sua principal linha de shows. Nos anos 90 esta lacuna passou a ser preenchida com filmes e minisséries. Na última década, contudo, a emissora encontrou sua galinha dos ovos de ouro: um formato de reality show que revolucionou os hábitos dos telespectadores brasileiros. Assim nasceu o BBB, um suculento filé mignon em tempos de vacas magras.<br /><br />Em sua nona edição, o programa já mostra sinais de desgaste. A audiência, na casa dos 35 pontos, permanece como uma das maiores da Rede Globo, mas bem distante das versões anteriores, que atingiram médias de 45. A surpresa é que, do ponto de vista comercial, será a mais lucrativa de todas, com uma receita recheada de cotas de patrocínio, merchandising, anúncios, espaços vendidos na casa, assinaturas de pacotes na TV paga, chat em telefonia celular, entre outros.<br /><br />O Big Brother tornou-se um produto altamente rentável porque que investe em outras plataformas além da TV aberta: sistema Pay Per View (BBB 24h), programa na TV fechada (na Multishow), telefonia celular (para voto e obtenção de áudio dos participantes) e internet (portal Globo.com). Juntas, formam uma receita milionária, capaz de equilibrar o faturamento da emissora mesmo em tempos de crise.<br /><br />O BBB tem seus méritos. Vive se reinventando. Destaque para os editores e os roteiristas, que criam enredos interessantes, como uma telenovela, com vilões, mocinhos e tramas paralelas. Um dos grandes apelos deste formato, contudo, está na possibilidade oferecida aos fãs de intervir nos rumos da narrativa. Assim, a audiência interfere na construção do produto a ser consumido e – pasmem – paga por isso. Seja pela ligação de celular, na qual a Rede Globo tem participação, seja gerando grande volume de acesso na página da internet, que é revertido em receita publicitária para a Globo.com.<br /><br />Com relação ao conteúdo, o BBB abre amplas discussões para críticas, debates e discussões. No aspecto comercial, entretanto, o formato é unânime. Ele substitui cinco programas da linha de shows, com custo bem menor. Dá mais audiência e fatura muito mais. Explora outras plataformas, novas mídias e interage com o público. Talvez não seja uma diversão tão saudável e ética, que agrega conteúdo à família brasileira. No mundo dos negócios, entretanto, esses valores são apenas meros detalhes.</span> </div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-35750839701465009982009-03-17T13:19:00.000-07:002009-03-30T14:29:34.637-07:00Novos hábitos: a mudança no consumo das telenovelas brasileiras.<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Demorou mas aconteceu. O consumo da telenovela brasileira, tão cultuada pelos quatro cantos do mundo, enfim se abriu para o mercado interno. O comportamento da audiência se diferenciou, dando espaço para produções segmentadas e novos formatos. A dramaturgia nacional evoluiu, ganhou novos personagens e até mesmo uma nova vilã, disposta a tudo para roubar uma fatia mais polpuda do mercado e desbancar uma liderança que perdura por décadas. Desenlaces surpreendentes, traições e disputas: a novela das novelas chega ao seu clímax com a promessa de muitas emoções para os próximos capítulos. </span><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><br /><br /></div><div align="center"><a href="http://img.pinfotos.abril.com.br/t/1/pina/w500/caminho-das-indias-primeiras-cenas---shankar-lima-duarte-.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 380px; CURSOR: hand; HEIGHT: 255px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://img.pinfotos.abril.com.br/t/1/pina/w500/caminho-das-indias-primeiras-cenas---shankar-lima-duarte-.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;color:#999999;"> Caminho das Índias</span><br /></div><div align="justify"><br />Os personagens:</strong><br />Vamos aos protagonistas. No papel principal, destaca-se a “heroína”, a Rede Globo, detentora de três novelas inéditas, uma reprise e um seriado adolescente. Uma emissora de forte apelo popular e reconhecimento por suas obras. No lado oposto, a antagonista Rede Record ataca com duas produções em curso e um repeteco nas tardes. Completando o triângulo, no núcleo cômico, encontra-se o SBT que, de modo quase que patético, transmite “Revelação”, escrita pela mulher do patrão. Há ainda os figurantes, que exibem melodramas importados, como a CNT, mas eles raramente aparecem no contexto.<br /><br /><strong>A trama:</strong><br />Flashback para ambientar a história e a rivalidade dos protagonistas: 1999. Tínhamos uma Rede Globo prepotente e invicta, com suas novelas em alta, faturando muito bem, com algumas ameaças do SBT, que freqüentemente emplacava algum “furacão mexicano”. Na Record, a dramaturgia nacional engatinhava, com produções baratas de retorno minguado. </div><div align="center"><br /></div><div align="center"></div><p align="justify"><strong>A reviravolta:</strong><br />No início dos anos 2000, o SBT ousou em firmar uma parceria com uma das maiores exportadoras de conteúdo do mundo – a emissora mexicana Televisa. Deste acordo, que durou oito anos de co-produções, surgiram alguns destaques, como “Pícara Sonhadora”, “Marisol” e “Esmeralda” que, embora tivessem textos sofríveis, garantiram médias significativas. Neste tempo, o SBT chegou a exibir no mesmo dia até seis novelas da Televisa (inéditas e reprises). Cômico se não fosse trágico.<br /></p><br /><div align="justify"></div><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 391px; CURSOR: hand; HEIGHT: 277px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://contigo.abril.ig.com.br/imagem/celebre/alexandre-frota/ampliada/alexandre-frota-4.jpg" border="0" /> <p align="center"><span style="font-size:85%;color:#666666;">Preparem os lenços: Alexandre Frota e Bárbara Paz</span> </p><p align="justify"><strong>O clímax:</strong><br />A ameaça à hegemonia das produções globais, contudo, não estava no SBT, mas sim na Rede Record, que a partir de 2004 passou a se utilizar da mesma fórmula da emissora líder. Desde que injetou cifras miliomárias em sua programação, a rede da Barra Funda entrou na dramaturgia disposta a investir pesado em elenco, em texto e em produção. O primeiro golpe foi apostar na ousadia: estreou em um domingo a telenovela “Metamorphoses”, em parceria com a produtora Casablanca. O resultado foi desastroso. Um enredo que se perdeu pelo caminho, obtendo índices irrisórios. A grande tacada, entretanto, viria logo a seguir, com a estréia do remake de “A Escrava Isaura”, que rendeu média de 13 pontos e picos de 25 em sua reta final.<br /><br /><strong>O núcleo cômico:</strong><br />Com o sucesso de “A Escrava Isaura”, a Rede Record engatou vários sucessos e investiu em novos horários e temas. Eis que surge o inusitado: uma trama romântica que tem como pano de fundo uma história que envolve mutantes. Com índices animadores, a Record engata uma segunda temporada, com um enredo que beira o absurdo, concorrendo direto com o principal produto da sua rival. Desde então, a novela global pena para chegar aos 40 pontos de audiência na faixa das 21h (sendo que a meta é 45). </p><p align="center"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 418px; CURSOR: hand; HEIGHT: 271px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://estatico.tudonahora.com.br/images/upload/7f777fd78b905f0623e69318a269ea996764386d-destaque.jpg" border="0" /><span style="font-size:85%;color:#666666;">Caminhos do Coração</span></p><span style="font-size:85%;color:#666666;"></span><p align="justify"><br />Neste cenário de guerrilha entra em cena o atrapalhado SBT, que resolve investir na dramaturgia nacional e contrata Íris Abravanel, a esposa de Silvio Santos, para escrever uma trama recheada de improviso, amadorismo, pieguice e escracho, apesar de nada disso constar na sinopse original.<br /><br /><strong>A análise por trás do enredo:</strong><br />Esse melodrama dos bastidores das novelas é uma obra aberta. Portanto não há como supor o desfecho dos protagonistas. Pode ser que venha um furacão e elimine metade dos personagens e mude todo enredo, assim como fez Janete Clair em “Anastácia, a mulher sem destino”, em 1976. De repente, a antagonista pode vencer e se tornar absoluta com suas tramas. Ou mesmo ser esmagada pela líder. Há ainda a remota possibilidade de o núcleo cômico, encabeçado pelo SBT, se destacar com alguma palhaçada, “arma secreta” ou “espasmo criativo” do patrão.<br /><br />A diminuição dos índices de audiência – ou a pulverização deles, melhor dizendo – não indica que a dramaturgia brasileira esteja em crise. Mostra que o telespectador está aberto a novas propostas e que o mercado televisivo, mesmo em meio a uma crise mundial, ainda está aquecido. Com isso todos ganham: o mercado anunciante, a equipe de produção, os investidores e o público. Final feliz. Até que alguém inove mais uma vez e invista em outros formatos mais rentáveis. Mas aí já é enredo para uma outra história.</span></p>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-5218721249678774762008-11-06T11:02:00.000-08:002008-11-06T11:19:50.640-08:00Telenovela: decadência ou evolução?<div align="justify"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 254px; CURSOR: hand; HEIGHT: 174px" alt="" src="http://img.terra.com.br/i/2008/05/22/766335-4941-in.jpg" border="0" /><span style="font-family:trebuchet ms;">Brasil, década de 70. Duas copas perdidas: 74 e 78. Tempos do milagre do Delfim, do império Médici-Geisel, dos fechamentos do Congresso, do bi-partidarismo, dos atos institucionais. Um país subjugado pela ditadura e pela censura imposta goela abaixo. Uma nação conformista, repleta de movimentações solitárias de indignação contida.<br /><br />Nesta época, a comunicação engatinhava. No âmbito cultural, novas experiências musicais ganhavam fôlego com Chico, Milton, Mutantes, Elis, Gil e Caetano. A teledramaturgia consolidava-se em um país que não podia reclamar. Um povo de mãos atadas que, diante da repressão, optou por assistir um enredo que lhe desse direito a um final feliz. A TV passava a se tornar um refúgio seguro e a novela, uma diversão ideologicamente neutra e gratuita. Saudosos eram os bons e velhos anos 70. Tempos em que a programação era criativa e os valores preservados. Hipocrisia! Papo de gente caquética, de povinho burro, incapaz de abraçar novos costumes. Discurso de velho.<br /><br />O brasileiro tem esse hábito ridículo que se apoiar em contextos passados para justificar as mudanças do presente. Vive de comparação: do carro dos amigos, do apetite sexual do vizinho, de rendimento da esposa. Por isso fica estagnado ou conformado com uma vidinha medíocre. Aí fica se lamentado em casa, culpando a novela das seis pelo seu enredo vazio. Então, espera pela trama das sete. Outra porcaria. Zapeia. Nada de bom passando. Saudade dos anos 70. Época em que pais e filhos se reuniam para ver o Jornal Nacional. Logo em seguida, a tradicional novela das oito. Tolice! Era pura falta de opção. Viam televisão na sala porque não havia no quarto, muito menos internet. Era o que tinha.<br /><br />Estampam nos jornais manchetes de que a Rede Globo passa por uma crise na dramaturgia. Como se isso fosse algo grave. Acordem. Estamos na era da TV Digital, das novas mídias. Isso não significa a destruição da família brasileira, apenas a substituição de hábitos. E agora, vários pseudo-saudosistas surgem com protestos e comparações da programação de hoje e dos anos 70. Então que voltem para ditadura e que todos os raios os partam!<br /><br />O motivo do alarde: as três novelas da Rede Globo registram as piores audiências dos respectivos horários desde 1970. Segundo aponta matéria do jornal Folha de S.Paulo, a trama em estado mais grave é a das 18h. "Negócio da China" registrou média de 21 pontos na Grande SP durante as duas primeiras semanas em que esteve no ar. Índice inferior ao de "Ciranda de Pedra", com 22 pontos no mesmo período.<br />"Três Irmãs” também amarga dados negativos, ainda piores que "Bang Bang", de 2005. Seus primeiros 30 capítulos marcaram 26,9 pontos, contra 30 da trama protagonizada por Fernanda Lima. Até as produções das 21h sofreram queda, influenciadas pela dramaturgia da rede concorrente. "A Favorita" conquistou opacos 37,6 pontos de média em seus 120 primeiros capítulos. A antecessora "Duas Caras" teve 1,3 a mais no mesmo período.<br /><br />Nos outros canais, a dramaturgia se desenvolve e divide o bolo publicitário com a emissora líder. Na Record, dois roteiros inéditos estão em cartaz. E o melhor, com boa audiência, entre 13 e 16 pontos. No SBT, a enésima reprise de “Pantanal” faz a festa do Patrão, com médias na casa dos 13/14 pontos. E, para a alegria do mercado, novos títulos estão por vir: “Passión de Gavinales”, na Band, e a controversa “Revelação”, de Íris Abravanel.<br /><br />O mercado está mais competitivo, inclusive no ramo das telenovelas. A Rede Globo ainda é líder isolada, com folga. O telespectador, aos poucos, muda de hábito e as novas mídias trazem outras opções de entretenimento. Isto se chama evolução. Criticar a pulverização da audiência é mais ou menos como cultuar a ditadura. Permitir que a comunicação fique restrita somente a um grupo é um retrocesso. Um brinde à liberdade de escolha, ao mercado, aos novos talentos e à democratização da informação.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-8071646301051022382008-10-21T12:31:00.000-07:002008-10-21T12:39:25.211-07:00A nova geração do humor brasileiro.<div align="justify"><a href="http://jonasgoncalves.files.wordpress.com/2008/07/cqc.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand" alt="" src="http://jonasgoncalves.files.wordpress.com/2008/07/cqc.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;">O humor passa por um momento de amadurecimento. O gênero “comédia stand up”, cada vez mais popular no Brasil, possibilitou a apresentação de ótimos textos, sem a necessidade de grandes investimentos em recursos técnicos. É a vitória do conteúdo. Um microfone na mão e muitas idéias na cabeça: os elementos necessários para uma encenação divertida, irreverente e improvisada. Redigir tais roteiros, contudo, exige velocidade de raciocínio, estudo e conhecimento multidisciplinar. Hoje, as piadas estão datadas, cada vez mais temporais e contextualizadas com o cenário sócio-político e econômico. A opinião pública, enfim, despertou para o humor inteligente.<br /><br />Os formatos televisivos têm seu ciclo de vida. Eles envelhecem e o público se renova. Isso não quer dizer que o humor de Chico Anysio esteja fadado ao esquecimento. As novas gerações, todavia, desconhecem cada vez mais o trabalho deste grande humorista. O fato de estar fora do ar amplia ainda mais este ostracismo. Há ainda os programas que não se reinventaram com o tempo, como o caquético “A Praça é Nossa”. A estética, o roteiro, o cenário e as piadas cheiram a naftalina. O enredo insiste em privilegiar a sexualidade, a homofobia e as piadas de duplo sentido.<br /><br />“Zorra Total” também investe em uma estrutura semelhante à da Praça, com algumas vantagens: o amparo técnico da Rede Globo, cenários elaborados e um polpudo orçamento de produção. No elenco, grandes nomes da dramaturgia nacional. O resultado, contudo, deixa a desejar. Muito carnaval para pouco conteúdo. E pior: com público garantido e audiência em alta.<br /><br />Um dos representantes da nova geração do humor brasileiro é o “Pânico na TV”. A versão televisiva do programa radiofônico estreou em setembro de 2003, aos domingos, na RedeTV!. Abrigada em um horário bastante disputado, inicialmente às 18h, a trupe de Emílio Surita começou a se destacar com a sua comicidade non sense. Perguntas indiscretas, quadros bizarros e intervenções esdrúxulas chamaram a atenção de um estrato até então marginalizado na programação dominical aberta: os jovens de classe ABC.<br /><br />Desde sua criação, o trash passou a ser um dos elementos principais do “Pânico na TV”, uma atração declaradamente kitsch e grotesca. Por possuir um público altamente qualificado e formador de opinião, virou um retumbante sucesso comercial e atraiu anunciantes de diversos segmentos. Um filão de mercado que estava adormecido, concentrado nas TVs fechadas.<br /><br /><a href="http://www.jovempanfm.com.br/bimg/capa_istoegente.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand" alt="" src="http://www.jovempanfm.com.br/bimg/capa_istoegente.jpg" border="0" /></a>Atenta aos resultados do programa da RedeTV!, a Band importou da argentina os direitos de adaptação de “Custe o que Custar”, um formato que mistura jornalismo com humor. Fatos políticos, artísticos e esportivos são abordados de forma satírica e debochada. Apresentado por Marcelo Taz, Marco Luque e Rafinha Bastos, traz matérias que envolvem pessoas públicas, como políticos, celebridades e jornalistas, com perguntas pouco discretas e inconvenientes.<br /><br />O foco do “CQC” é diferente do “Pânico da TV”. O primeiro opta por um um jornalismo irreverente e temporal, o segundo prima por factóides, sem qualquer compromisso com a verdade. O interessante, neste caso, é que cada um deles adquiriu sua identidade própria e audiência cativa.<br /><br />Os humorísticos, enfim, se diversificaram e enriqueceram as suas pautas. O público também contribuiu para esta evolução. O brasileiro sempre teve o costume de rir dos seus problemas. Na maioria das vezes, zombou da política sem sequer saber que os verdadeiros palhaços não estavam no Palácio, mas sim atrás das urnas. Hoje, permanecemos rindo, mas com um pouco mais de discernimento. E as sátiras têm suas contribuições. Elas fazem com muita gente discuta e reflita sobre as questões sociais. Nem que seja para fazer graça. Parece piada, mas é verdade.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-89873765654351486692008-10-09T07:59:00.000-07:002008-10-09T08:03:49.167-07:00Um olhar sobre o fundo do poço<div align="justify"><a href="http://geraldofreire.uol.com.br/gugu_e_faustao.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand" alt="" src="http://geraldofreire.uol.com.br/gugu_e_faustao.jpg" border="0" /></a> <span style="font-family:trebuchet ms;">Vivemos com a sensação de que no passado tudo foi melhor. O sorvete de chocolate tinha um gosto mais apurado, os jovens eram mais politizados, a televisão voltada para a família e a música com conteúdo mais inteligente. Saudade dos bons e velhos tempos. Tolice. O brasileiro tem essa mania boba de voltar ao passado e alardear para a deturpação dos valores. Um saudosismo da época em que a disciplina era fruto de uma ditadura burra. Pura hipocrisia! Com a abertura política, a televisão ficou mais livre e mais inteligente. No final dos anos 90, contudo, a liberdade virou libertinagem. A TV aberta, de fato, se abriu: ao faturamento e à guerra fria na busca pela preferência popular.<br /><br />Em 23 de agosto de 2000, a Revista Veja publicou números da guerra pela audiência entre dois grandes apresentadores de TV em uma matéria intitulada: “A estratégia de Gugu para tornar-se o rei dos domingos”. Noticiava que o programa do SBT, há doze semanas, levava vantagem sobre o concorrente Global. A tática era concentrar os quadros de “primeira” linha durante o confronto com Fausto Silva.<br /><br />Nesta época, os telespectadores assistiam a um turbilhão de quadros de gosto duvidoso. O SBT tinha a libidinosa Banheira do Gugu, em que artistas de baixo calão esfregavam-se em uma disputa entre homens e mulheres em busca do maior número de sabonetes. Era um festival de peitos e bundas. Closes quase ginecológicos preenchiam a tela. Um prato cheio para a criançada. Havia também o concurso “Carla Perez Mirim”, em que as menininhas se vestiam feito a loira do Tchan, com direito a um figurino quase obsceno e gestos nada infantis.<br /><br />Mudando de canal, a Rede Globo mostrava-se disposta a abrir mão do seu cultuado padrão de qualidade, pelo menos aos domingos. Destaque para a disputa das novas integrantes do É o Tchan, responsável pelos maiores picos do Domingão do Faustão. Ainda nessa época foi apresentado o Sushi Erótico. No quadro, os atores degustavam comida japonesa sobre o corpo de modelos nuas. Outro exemplo foi o caso Latininho, quando o programa explorou a imagem de um deficiente de modo grotesco.<br /><br />Um pouco mais tarde, no início desta década, essas apelações conquistavam lugar até mesmo nos dias de semana. Márcia Goldschimidt e João Kleber apresentavam seus particulares shows de horrores. O primeiro trazia uma pauta baseada em um falso assistencialismo. Casos reais (até que alguém prove o contrário) eram levados ao palco, em uma espécie de tribuna popular. O segundo tinha uma proposta, a princípio, humorística, condizente com o antigo slogan da emissora “uma opção de qualidade na TV”. Com o tempo – e com quadro teste de fidelidade, especificamente – virou um festival de erotismo e um teatro de quinta categoria.<br /><br />Hoje, a televisão está mais ponderada e, até certo ponto, regulamentada. Novelas como “Uga Uga”, por exemplo, não seriam mais liberadas para a faixa das 19h. Como reflexo de toda essa náusea televisiva, a programação expeliu, mesmo que forçosamente, algumas reações. João Kleber e suas pegadinhas politicamente incorretas levaram a um rumoroso processo que fez a RedeTV! ser retirada do ar em São Paulo. Dispensado pela emissora, o humorista trabalha hoje em Portugal. Márcia, após um período afastada da TV, voltou a apresentar um programa de auditório nas tardes da Band. O conteúdo está menos apelativo. A apresentadora, contudo, ainda faz um jogo cênico irritante, ainda que comedido.<br /><br />Gugu Liberato, após sucessivas quedas de audiência, amplificadas pela farsa do PCC, em setembro de 2003, hoje investe em uma pauta voltada para o assistencialismo e para o entretenimento. Faustão reergueu o seu programa, com a participação de grandes nomes do elenco global, e retomou a liderança.<br /><br />A TV vive um momento interessante. Aos poucos, a audiência se pulveriza e se qualifica. Emissoras, como a Rede Record, enfim perceberam que entretenimento inteligente agrega faturamento. Baixaria pode até atrair audiência, mas não necessariamente anunciantes. Vendo por esse ângulo, chegamos ao fundo do poço e evoluímos. E como brasileiro adora felicidade por comparação, eis a verdade: já foi bem pior. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><br />Aprendemos a vomitar tudo aquilo que nos faz mal. O ideal seria não precisar desse artifício. Logo poderemos desenvolver uma bulimia e, estando doentes, as pragas voltam, nuas e cruas, prontas para atacar os sistemas nervosos e esvaziar ainda mais a TV aberta.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-32864593508731850922008-10-08T05:50:00.000-07:002009-02-11T05:12:15.625-08:00Capítulo 4: o carnaval e a pobreza<div align="justify"><a href="http://www.chespiritobr.com/mundo/clubedochaves/wallpapers/papel_chaves.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 385px; CURSOR: hand; HEIGHT: 294px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://www.chespiritobr.com/mundo/clubedochaves/wallpapers/papel_chaves.jpg" border="0" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Uma das possíveis razões do sucesso de Chaves é sua identificação com a cultura dos países latino-americanos, não somente pelos parâmetros econômicos, mas também sociais. Tal qual Charles Chaplin, Roberto Bolaños criou uma atmosfera carnavalizada no seriado. Produziu um humor circense, teatral e baseado na pobreza. Com isso, uniu a falta de técnica ao conteúdo do programa. </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><br />É no espaço da carnavalização que se encontra um dos elementos mais interessantes do seriado mexicano. Chaves é, em grande parte, uma carnavalização de contextos e papéis sociais e também de produtos e propostas estéticas. A começar pelos personagens. Crianças são interpretadas por adultos. Os maduros, por vezes, têm atitudes infantilizadas. O mesmo autor interpreta dois personagens, adulto e criança – como o caso de Florinda Meza, que vive Dona Florinda e Pópis, e Maria Antonieta de Las Nieves, que interpreta Dona Neves e Chiquinha.<br /><br />A carnavalização também transparece a forma como a pobreza é representada. Em vez de utilizar o cortiço para um fim dramático, Bolaños utiliza o ambiente para sua ambigüidade paródica. A pobreza, que é triste, vira pretexto para o humor, que representa a alegria. “Bolaños faz com que a fome, que poderia ser pretexto para algo lamurioso ou panfletário, seja trabalhada sob uma ótica circense, para fazer rir” (KASCHNER, 2006, p.59).<br /><br />O carnaval pode ser um dos motivos de aproximação entre o contexto do seriado com o cenário brasileiro. No humorístico, a cronologia pára, adultos são crianças e dívidas são perdoadas. Assim é o nosso carnaval. Durante poucos dias, ricos e miseráveis são iguais. Os morros enfeitam-se de lantejoulas e a pobreza vira beleza. Por tempos, dirigentes e operários, empregados e desempregados se esquecem da economia, da crise, dos problemas e uma nação cheia percalços vira o país do carnaval.<br /><br />Outro argumento que pode justificar a empatia do público com o humorístico é a justaposição do enredo à técnica. Personagens feios, cenários mal acabados, iluminação precária: Chaves é, definitivamente, um programa fora dos padrões convencionais no que tange à estética.<br /><br />O conteúdo do seriado, apesar de contar com um roteiro inteligente e bem costurado, não pode ser considerado inovador. Ele não traz grandes novidades. Ao contrário, na vila do Chaves, pouco ou quase nada acontece. Seu humor baseia-se no grotesco, tanto pelo figurino, quanto pelas previsíveis ações dos personagens. A repetição, inclusive, pode ser encarada como um dos temperos do humorístico. Os telespectadores esperam as piadas e, ainda assim, riem delas. E isso é reconfortante para quem assiste. Eco, em Sobre os espelhos e outros ensaios, explica esse comportamento na suposição da “necessidade do leitor das séries consolar-se tanto com o retorno do idêntico, mesmo que mascarado, quanto com sua capacidade de prever o desenrolar da história, saboreando assim a possibilidade efetiva do retorno daquilo que ele espera acontecer.” (ECO 1991, p.56).<br /><br />No enredo, é possível observar claramente situações e diálogos que se repetem: a pancada que o Sr. Barriga recebe do garoto Chaves assim que entra na Vila, a bofetada que Sr. Madruga leva de Dona Florinda – geralmente por um ruído na comunicação -, o clima melodramático que se instaura no encontro de Florinda e Girafales, entre outros.<br /><br /><strong>CONCLUSÃO<br /></strong><br />Dono de um humor neocantinflaniano, Chesperito é a forma mais sublime de traduzir a simplicidade de um circo. Bolaños é um comediante sensível, que faz do humor sua poesia; da representação de sua nação, seu cenário; seus personagens, memoráveis. Quem enxerga mais do que a superficialidade de El Chavo del Ocho pode perceber a riqueza de seu universo circense.<br /><br />Chaves representa um estereótipo sócio-cultural do México e, por conseguinte, da América Latina. E é por esse motivo que há tanta empatia com os países subdesenvolvidos. A utilização dessas caricaturas, segundo o próprio autor, é uma forma de se identificar com o público do seriado. A contribuição de Chaves para construção dessa identidade, portanto, é meramente ilustrativa e não cumpre o papel de denúncia. Bolaños foi taxativo ao afirmar que a função do humorístico não é desenvolver uma crítica social, mas sim entreter. Para ele, Chaves é apenas um garoto pobre que passa fome e vive em lugar pobre. Para se inspirar no cenário da vila, bastou olhar em volta.<br /><br />A critica do seriado surgiu “sem querer querendo”. É quase impossível representar um povo sem tocar em valores ou aspectos sociais. Chaves faz sucesso por tentar reproduzir, mesmo que de forma caricatural, aquilo que realmente é. Se Dona Florinda fosse bela, Chaves rico, Sr. Barriga vilão e professor Girafales herói, o seriado perderia o sentido. É mais fácil nos identificarmos com a realidade de Chaves do que com o universo fictício Super Homem.<br />Em El Chavo de Occho, os telespectadores se vêem e, de certa forma, orgulham-se disso. É como afirmar que o Brasil é o país do carnaval. De fato, nossa nação não se resume ao samba, mas nós somos identificados dessa maneira no exterior. Recebemos tal estereótipo que, de certa forma, nos dá orgulho e nos diferencia de outras culturas.<br /><br />A carência técnica contida no humorístico tornou-se um saboroso tempero. A feiúra e a miséria, no espaço da carnavalização do seriado, tornam-se engraçadas e caricatas. Um divertido circo pobre, repleto de palhaços. De Hollywood, fica a referência do humor pastelão. Esteticamente, Chaves subverte o modelo norte-americano e, ainda assim, encanta pela simplicidade. A vitória do conteúdo sobre a forma.<br /><br />A carnavalização e a construção de uma identificação com o México subdesenvolvido revisita um humor de raiz, ora escrachado, ora poético. Assim é El Chavo del Ocho, um programa que sabe rir da pobreza sem ofender, que toca os corações sem fazer chorar.<br /><strong></strong><br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Referências deste capítulo:</span></strong><br />ECO, Umberto. <strong>Sobre espelhos e outros ensaios.</strong> Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.<br />KASHNER, Pablo. <strong>Chaves de um sucesso.</strong> Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2006.</span><br /></span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-65242611730385456252008-10-07T08:59:00.000-07:002009-02-11T05:12:38.914-08:00Capítulo 3: a negação e a afirmação da estética norte-americana<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>RESUMO:</strong><br /><br />Penúltimo capítulo do artigo “Chaves: um estereótipo da latinidade mexicana”, escrito por João Cláudio Lins. Trata-se de uma análise, em quatro partes, do programa Chaves, exibido no Brasil há vinte anos. Examina-se a forma e o conteúdo do humorístico, que carnavaliza a pobreza de uma comunidade e aposta na produção de um humor circense. Ao fim, faz-se uma comparação formal e narrativa do formato, a partir da afirmação e negação da estética norte-americana.<br /><br /><strong>A NEGAÇÃO E A AFIRMAÇÃO DA ESTÉTICA NORTE-AMERICANA</strong> </span><br /></div><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></p><div align="justify">O programa humorístico Chaves, exibido no Brasil há mais de 20 anos, realiza algumas inversões na estética dos seriados hollywoodianos. O glamour norte-americano parece ter sido desprezado nos roteiros cômicos de Chespirito. A tendência de enaltecer o belo, a ascensão social e a riqueza foi ignorada, dando lugar a cenários enjambrados, pobres, feios e escuros.<br /><br />No seriado não há donzela, tampouco moças bonitas. Não há galãs também. Enfim, a beleza estética parece estar em segundo plano no humorístico. A cronologia de Chaves é confusa, recheada trechos do cotidiano, sem ligação entre um capítulo e outro. Há, contudo, uma marcada apologia à igualdade feminina, algo bem distante do estereótipo da mocinha indefesa. Na vila, todas as mulheres são independentes. Nenhuma delas está atrelada ao marido ou cônjuge. Nota-se, de modo bastante claro que, tanto as moças adultas, como Dona Florinda e Dona Clotilde, quanto as meninas, como a Chiquinha, exercem poder de influência sobre os homens. E ainda são mais inteligentes e perspicazes.<br /><br />Diferentemente dos heróis simbólicos, que unem à sua bondade a verdade e a beleza, os personagens do seriado Chaves são pessoas marginalizadas que moram num cortiço. Não há roupas de grife e nem gente bonita. Há indivíduos de carne e osso cujas condições sociais não permitem que se apresentem de forma fina e elegante (YGLESIAS, 1990). O elenco de Chaves, em geral, caracterizam tipos humanos desfavorecidos pela natureza: desengonçados e com rugas, magros ou gordos demais. Características que contrapõem a estética maniqueísta de Hollywood, em que o belo representa a verdade e o bem enquanto o feio representa o mal.<br /><br />Em El Chavo del Ocho não há preocupações formais em “maquiar” as crianças da vila. São personagens infantis interpretados por adultos que utilizam roupas coloridas e têm atitudes infantilizadas e circenses. A estética hollywoodiana, apesar de tolerar estereótipos, tende a ser mais verossímil. Crianças quase sempre são interpretadas por crianças.<br /><br />O mais relevante a analisar é que esse tipo de representação quebra a lógica convencional, mantendo uma certa ambigüidade: as figuras de Nhonho, Chaves, Chiquinha e Quico são interpretadas por atores adultos, mas psicologicamente representam crianças. Yglesias (1990) lembra que os telespectadores sabem desse detalhe e, mesmo assim, assimilam os personagens como figuras infantis.<br /><br />Os adultos, por sua vez, também não escapam à ambigüidade, participando do jogo de desestabilização dos papéis sociais. É bastante comum vermos os personagens de Sr. Madruga, Dona Florinda, Professor Girafales, Dona Clotilde e Sr. Barriga comportando-se de modo infantil: brincam, choram, gritam e fazem gestos. Essas atitudes, muitas vezes, criam uma ruptura da ordem estabelecida, em que adultos são normalmente responsáveis e crianças são, em parte, inconseqüentes.<br /><br />Outro ponto a ser considerado: no seriado Chaves, as famílias são incompletas. Mais uma contraposição à estética comum, em que os indivíduos geralmente possuem diversas referências de parentesco, com a presença do pai, da mãe, dos filhos e dos irmãos. Muitas sitcons americanas, por exemplo, se desenrolam dentro de um círculo familiar.<br /><br />Apesar de inegáveis elementos que deturpam o padrão estético e narrativo norte-americano, Chaves também possui características que o afirma: o humor circense, por exemplo. Ele parece receber influência de grandes comediantes, como Cantinflas, humorista latino-americano de notável sucesso, Charles Chaplin, Os três Patetas e O Gordo e o Magro. As comédias pastelão, o trunfo hollywoodiano das primeiras décadas do século XX, foram, sem dúvida, relevantes na composição dos personagens e no desenvolvimento de Chaves.<br /><br /><strong>No próximo – e último - capítulo: A identificação de Chaves com o público latino-americano e a conclusão do artigo.</strong><br /><br /><strong>Referências deste capítulo:<br /></strong>YGLESIAS, Maria Perez. El Chavo del Occho: por que los aman los niños? <strong>Revista Herência</strong>: Editorial de la Universidad de Costa Rica (UCR), set.1990.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-39322056568627336412008-10-06T10:10:00.000-07:002009-02-11T05:13:00.964-08:00A caricatura da pobreza<span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>Capítulo 2 do artigo: “Chaves: um estereótipo da latinidade mexicana”</strong><br /><strong></strong><br /><strong>RESUMO:</strong><br /></span><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Segundo capítulo do artigo “Chaves: um estereótipo da latinidade mexicana”, escrito por João Cláudio Lins. Trata-se de uma análise, em quatro partes, do programa humorístico Chaves, exibido no Brasil há vinte anos. O seriado concentra personagens e contextos que criam, de modo estereotipado e caricatural, uma identidade sócio-cultural do México. O programa realiza uma espécie de anti-cultura da estética hollywoodiana, construindo personagens feios e pobres, que se cruzam num cortiço mexicano, na década de 70. Analisa-se aqui a contribuição do seriado na construção dessa identidade. Examina-se também a forma e o conteúdo do referido humorístico, que carnavaliza a pobreza de uma comunidade e aposta na produção de um humor circense. Ao fim, faz-se uma comparação formal e narrativa do formato, a partir da afirmação e negação da estética norte-americana. </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 388px; CURSOR: hand; HEIGHT: 287px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://www.lasnoticiasmexico.com/sitebuilder/images/el_chavo_del_ocho_2960-600x457.jpg" border="0" /><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>CHAVES E A CRÍTICA SOCIAL</strong><br /><br />Há quase 40 anos sendo exibido no México e há mais de 20 no Brasil, Chaves chamou a atenção do público e da crítica pelo seu conteúdo simples e despretensioso. Para se ter idéia do sucesso do seriado, seria como se o programa “Família Trapo”, exibido no Brasil na década de 70, fosse visto até hoje e tivesse aceitação e repercussão entre as novas gerações. Kashner (2006) vê o humorístico como um fenômeno televisivo. Um formato que não envelhece e que atrai cada dia mais fãs. Alguns estudiosos, contudo, discutem a “simplicidade” e a “despretensão” de Chaves.</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Domingues (2002), em um ensaio “Labirinto em vale de lágrimas televisivas”, questiona o seriado quanto à sua alienação frente à realidade mexicana. Para o autor, o seriado distancia-se do mundo em que vive, provocando nos telespectadores uma mensagem de conformismo, como se a pobreza fosse algo natural. Para ele, Chaves é o produto da falta de critica resultante de anos de ditadura. Diz que interrogar El Chavo é questionar um seriado que se promove com o espetáculo da miséria, que concentra histórias e contextos acerca de uma vila pobre e de uma criança desamparada. Para ele, o enredo propõe uma ideologia estética de violência gratuita descarregada todos os dias nas consciências infantis. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Contrapondo Domingues, Yglesias (1990) aponta a valorização da ética da solidariedade sugerida pelo seriado. A autora admite, em seu ensaio publicado na revista Herência, que há, de fato, uma diferença social entre os personagens do seriado Chaves. Numa mesma vila, juntam-se uma família que perde o status econômico com a morte do patriarca, um menino de rua abandonado, uma anciã solitária e um desempregado viúvo que mora com a filha. Suas aspirações sociais são diferentes. “Os personagens que vivem fora da vila não atuam como uma ameaça real para o meio: tanto o intelectual (o professor) como o proprietário (Sr. Barriga) penetram no ambiente como algo positivo, parecem querer abrir a esperança para um mundo melhor, onde todos pensem e se preocupem com os outros. (...) O problema social é um problema do Estado, da sociedade, isso é inegável. (...) O mundo que representa El Chavo del Ocho é um mundo solitário e não maniqueísta, em que os personagens não são heróis, nem anti-heróis, nem bons, nem maus. Os personagens são pessoas um pouco estranhas e pouco convencionais. São seres humanos que atuam melhor ou pior segundo as circunstâncias, ainda que a sociedade não os favoreça, representam essencialmente o positivo.” (YGLESIAS, 1990).</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Para Valdizán (2005), no seriado, a fraternidade entre os personagens supera as divergências que sempre haverá entre as pessoas. Para ele, Chaves faz sucesso por ser um fenômeno de massa com códigos e personagens universalmente latinos: o “malandro” (o astuto que dribla a pobreza), pequenas doses de melodrama folhetinesco (satirizado pelas cenas de romance entre Girafales e Florinda), a precariedade de uma vila suburbana, entre ourtos. Ele nos faz rir com roteiros que, em condições realistas, deveriam incomodar. Kaschner, em sua obra, aponta para a ótica humanista do seriado, afirmando que “nenhum personagem é mostrado sob a ótica maniqueísta, do bom versus o mal. Representados sob uma ótica humanista, todos têm suas nuanças. Para além do estereótipo, os personagens se mostram humanos, têm seus contrários conciliados, jamais anulados”. (KASCHNER, 2006, p.102) </span></div><div></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Em entrevista à revista Veja, ao ser questionado sobre o posicionamento político do seriado, Roberto Bolaños defendeu-se. Para o autor, o seriado não foi concebido para criticar o modelo político em que vivemos. Mostra-se passivo às críticas e reforça que Chaves é apenas um humorístico infantil e que suas pretensões limitam-se à diversão e não ao protesto. (VALLADARES, 1999).<br /><br /></span><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>OS PERSONAGENS E A IDENTIDADE SÓCIO-CULTURAL DO MÉXICO<br /></strong><br /></span><a href="http://www.lasnoticiasmexico.com/sitebuilder/images/la_chilindrina_2951-458x600.jpg"><span style="font-family:trebuchet ms;"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 169px; CURSOR: hand; HEIGHT: 206px" alt="" src="http://www.lasnoticiasmexico.com/sitebuilder/images/la_chilindrina_2951-458x600.jpg" border="0" /></span></a><span style="font-family:trebuchet ms;">Em um contexto geral, os personagens de Chaves, enquanto representações estereotipadas de um estrato marginalizado do povo mexicano, apresentam traços não somente sociais, mas também elementos psicológicos bem demarcados. Expondo fraquezas, incompletudes e mesmo fracassos pessoais e profissionais, a despeito de toda a caricaturização, carregam a complexidade dos seres humanos que vivem em um ambiente pobre e excluído. Por exemplo, o personagem de Sr. Madruga é viúvo. Sua filha, Chiquinha, não tem bons modos, talvez por não ter em casa uma figura materna para orientá-la. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Dona Florinda é viúva e Quico, portanto, não tem pai. Sr. Barriga cuida sozinho de seu filho, Nhonho. O professor Girafales é um professor de escola pública solteiro. Adoraria se casar, mas com seu ínfimo salário (professor no México também é desvalorizado) não pode sustentar mais duas pessoas. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Todos os personagens da vila sofrem preconceito contra suas condições sociais. Sr. Madruga não tem emprego. Dona Clotilde não trabalha e vive de uma pensão. Dona Florinda depende da aposentadoria de seu finado marido. O garoto Chaves sobrevive somente da caridade alheia. Desde um ponto de vista político-ideológico, em aparência, estaríamos diante de um programa profundamente conservador. Uma atração que legitima a marginalidade, a pobreza e não propõe troca alguma (YGLESIAS, 1990). </span></div><div align="justify"><br /><a href="http://www.chespiritobr.com/sociedade3.jpg"><span style="font-family:trebuchet ms;"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 227px; CURSOR: hand; HEIGHT: 170px" alt="" src="http://www.chespiritobr.com/sociedade3.jpg" border="0" /></span></a><span style="font-family:trebuchet ms;">No que se refere aos papéis de gênero, o seriado inova, quebrando a estrutura folhetinesca em que o homem é bravo, dominador e a mulher, frágil, dócil e ingênua. Além de sugerir igualdade entre os sexos, faz uma verdadeira inversão de papéis e vai de encontro ao “machismo mexicano”. Tudo isso na década de 1970. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Em matéria à revista mexicana Herência, Yglesias questiona se “aqueles que vêem o programa dentro de uma visão eminentemente política podem se perguntar: ‘Qual é a esperança de integração destes personagens ao mundo externo, à sociedade?’” (YGLESIAS 1990). De fato, El Chavo del Ocho não apresenta soluções nem para o México e nem para os países pobres. E parece nem ter essa pretensão. O programa foi feito apenas de trechos do cotidiano, embalados por pequenas lições de moral e lições de igualdade. </span></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Kaschner (2006) propõe reflexões interessantes em sua obra, intitulada “Chaves de um Sucesso”: analisa fatores que exploram o jogo de espelhos entre a ficção de Chaves e a realidade latino-americana. Destaca que a vila é um espaço peculiar de convívio de pessoas de classes sociais bastante díspares, assim como acontece nas nações subdesenvolvidas. Aponta também para o fato de os protagonistas do seriado não terem padrões importados. São mais próximos da a realidade latino-americana. Eles vivem situações cotidianas, às vezes esdrúxulas, que se contrapõem às narrativas vitoriosas dos EUA, chamando a atenção para nossa realidade, com todas as contradições e problemáticas. Kaschner analisa, ainda, semelhanças sócio-culturais entre o Brasil e o México: imensidão do território, a pujança cultural e o grande potencial econômico em contraste com a miséria social. São povos espirituosos, que riem de si mesmo, um dos aspectos primordiais do humor.</span><br /><br /><strong><span style="color:#000099;">No próximo capítulo:</span></strong> A negação e a afirmação da estética Holywoodiana.<br /><br /><strong>Referências deste capítulo:</strong><br />KASHNER, Pablo. <strong>Chaves de um sucesso.</strong> Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2006<br />VALLADARES, Ricardo. Entrevista com Roberto Bolaños. <strong>Veja</strong>: São Paulo, 20 out, 1999.<br />DOMINGUES, Fernando Buen Abad. <strong>Laberinto em el Valle televisivo.</strong> Madrid: Ediciones Laberinto, 2002.<br />VALDIZÁN, Rafael. <strong>El Comercio</strong>. Disponível em: <http:>. Acesso em:16 nov. 2005.<br />YGLESIAS, Maria Perez. El Chavo del Occho: por que los aman los niños? <strong>Revista Herência</strong>: Editorial de la Universidad de Costa Rica (UCR), set.1990.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-1011845804989905772008-10-05T06:04:00.000-07:002009-02-11T05:13:17.075-08:00Chaves: Um estereótipo da latinidade mexicana. Capítulo 1.<div align="left"><a href="http://www.vagoneta.net/wp-content/uploads/2008/06/vecindario-chavo.jpg"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></a></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>Artigo de autoria de João Cláudio Lins, dividido em 4 capítulos.</strong> </span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 333px; CURSOR: hand; HEIGHT: 242px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://img134.imageshack.us/img134/7884/chaveschapolinbp8.jpg" border="0" /></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Um cortiço pobre do subúrbio do México, um garoto de oito anos que passa fome, personagens caricatos, desocupados e desempregados que convivem no mesmo espaço: um roteiro propício para um melodrama, repleto de situações idealizadas, com mocinhos e bandidos, a luta do bem contra o mal, a vitória dos justos, a ascensão social e um final feliz. Até poderia ser, mas não é. Trata-se de Chaves, um seriado mexicano assinado por Roberto Gómez Bolaños, um inovador na linguagem humorística. Um formato que utiliza uma estética grotesca e estereotipada, linguagem cômica e que esboça uma tentativa de estereótipo da nação mexicana. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">O sucesso deste programa humorístico é notável, não apenas em seu local de origem, mas em grande parte dos países latino-americanos. O apelo do conteúdo de Chaves já passou por milhões de lares e, mesmo sendo exaustivamente reprisado, ainda obtém êxito e reconhecimento: conhecido em mais de 120 países, exibido em 80 nações e dublado em dez idiomas. Mais que isso, consagra-se como um dos mais importantes produtos televisivos mexicanos já exportados. Um humorístico que reúne fragmentos de imagens de uma nação rodeada de pobreza e pessoas marginalizadas</span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>O AUTOR E A CONSTRUÇÃO DO SERIADO</strong> </span></div><br /><div align="justify"><a href="http://fotos.eluniversal.com.mx/web_img/fotogaleria/timbre-chavo2.jpg"><span style="font-family:trebuchet ms;"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 220px; CURSOR: hand; HEIGHT: 148px" alt="" src="http://fotos.eluniversal.com.mx/web_img/fotogaleria/timbre-chavo2.jpg" border="0" /></span></a><span style="font-family:trebuchet ms;">Polivalente deste pequeno. Ora, desde pequeno pode até ser uma ironia (ele mede 1,60m.), mas não há dúvidas de que o adjetivo multifacetado, referente a Roberto Gómez Bolaños, lhe cai como uma luva. Escritor, publicitário, desenhista, compositor, ator, diretor, produtor e pai de seis filhos, Bolaños provou desde cedo que seu tamanho é inversamente proporcional às suas habilidades. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Chesperito, conforme foi designado pelo diretor de cinema Augustín P. Delgado, construiu, durante sua carreira, um humor ora poético, ora debochado, ora sentimental. Talvez por toda essa diversidade de gêneros, foi apelidado de “pequeno Shakespeare”, codinome “Chesperito”. Seu humor, provindo de muitas referências chaplinianas e cantinflanianas, foi responsável por uma grande conquista: expandir o humor escrachado e carnavalizado dos países subdesenvolvidos em todo o mundo, inclusive nas nações mais abastadas. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Bolaños foi criador de grandes personagens televisivos e literários, como Chapolim Colorado, Chaves, Chompiras, Dr. Chapatim e muitos outros fizeram a alegria de muitos telespectadores durante décadas. Dentre todos, dois ganharam programas homônimos de meia hora: Chaves e Chapolim. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Chaves, criado no início da década de 70, no México, fez sucesso sem explorar nudez, sexo e piadas chulas. Por detrás de um cenário pobre e precário, a estética circense recebe a sustentação de um roteiro bem estruturado e de atores muito preparados. Soares (2000) relaciona as falhas técnicas do seriado com a estética do kitsch, que se entende como o gosto pelo excesso, o senso comum da estética, a arte sem revelação, pré-significada, cristalizada. Kitsch é um nome que serve para definir ornamentos e filmes que são feitos sem muita seriedade, são sentimentais e freqüentemente ridicularizados pelas pessoas por causa disso. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Segundo Eco (2000,), kitsch é a comunicação que tende à provocação de um efeito; remete a um objeto ou obra produzidos com intenção de provocar um efeito pré-significado, um senso comum da estética. Kashner (2006, p.113) discorda de Soares e defende que o seriado não pode ser considerado kitsch. “Chaves não pretende ser nada além do que é – apenas um seriado latino-americano sem dinheiro na produção – para concluir que não se trata de um seriado kitsch”. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">A retomada de uma estética de espetáculo antiquado e cafona, que rejeita os aparatos técnicos, repercutiu não somente no México, mas também do mundo. Graças ao personagem Chaves, Roberto Bolaños ficou conhecido em mais de 120 países. (VALLADARES, 1999). Atualmente, El Chavo del Ocho é exibido em quase toda a América Latina, tem dublagens em mais de dez idiomas e já foi exibido em mais de 80 países. (KASHNER, 2006). </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">O sucesso do seriado projetou mais um fragmento do estereótipo do México para o mundo. Para Gahagan (1980, p.70), “um estereótipo é uma supergeneralização: não pode ser verdadeiro para todos os membros de um grupo (...). O estereótipo é, provavelmente, muito inexato como a descrição de um dado sujeito”. Ao contrário das novelas mexicanas, que misturam o rico e o pobre, Chaves inovou ao apresentar um estereótipo que evidencia a pobreza e a estagnação social. No humorístico, o belo inexiste e as técnicas de produção são precárias. O que se vê são trechos do cotidiano de uma vila do subúrbio mexicano. Não precisa ter nenhum senso crítico mais apurado para constatar que o seriado é uma tentativa de retrato, dominada pela caricatura que é comum a esse tipo de linguagem, dos países subdesenvolvidos, em especial do México. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Interrogado pela revista Veja sobre a inspiração do seriado, Chesperito admite uma forte referência ao subdesenvolvimento da América Latina, no contexto histórico e geográfico do autor. “Foi só olhar em volta. Existem várias favelas na América Latina, as diferenças sociais são muito grandes. O Chaves é uma criança pobre que não cresce porque não come. O personagem faz sucesso em qualquer lugar onde haja fome”. (VALLADARES, 1999, p.13). </span></div><br /><div align="justify"><a href="http://www.geocities.com/chapolinbrasil/madruga2.jpg"><span style="font-family:trebuchet ms;"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 250px; CURSOR: hand; HEIGHT: 173px" alt="" src="http://www.geocities.com/chapolinbrasil/madruga2.jpg" border="0" /></span></a><span style="font-family:trebuchet ms;">No seriado encontramos estereótipos típicos da população marginalizada. Personagens como o Sr. Madruga, interpretado por Ramon Valdez, é um típico pai de família desempregado. Sem trabalho, vive de bicos, fugindo da cobrança do aluguel e dos demais impostos. Nota-se, nessa figura, uma característica bastante evidente do México, a luta pelo dinheiro que garanta a sobrevivência diária. Em diversos episódios, o personagem passa grande parte do tempo no trabalho informal. Sr. Madruga não paga o aluguel pois não tem serviço, e por isso deve favores ao dono da casa em que mora, o Sr. Barriga (Edgar Vivar), um senhor gordo, rico, com características de burguês. Nota-se, nesse contexto, uma relação de dependência entre o mais rico e o mais pobre. Metaforicamente, pode ser vista como uma representação da condição do México: deve dinheiro, sabe dessa condição, não paga e, dessa forma, está atrelado às nações mais ricas. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Chaves, segundo seu autor, não teve a pretensão de discutir temas sociais. Roberto Bolaños foi categórico em entrevista à revista Veja, quando questionado quanto ao conteúdo não educativo dos programas infantis: “Isto [programas com conteúdo educativo] deveria estar a cargo das emissoras governamentais. Quem tem o objetivo de divertir não tem a obrigação de educar.” (VALLADARES,1999, p.13). Bolaños salienta sim uma crítica social que pode ter uma função pedagógica, mas essa crítica não cumpre o papel de denúncia. O que o autor busca, segundo ele próprio admite, é a identificação do público com os personagens e o contexto social. </span><br /></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">O que se pode constatar é que, de forma intencional ou não, os personagens assumem um caráter francamente simbólico. Dona Florinda, por exemplo, é um típico exemplo de dama falida da sociedade que, depois da morte de seu marido, passa a depender da Previdência Social, empobrece e vai viver num cortiço junto à “gentalha”, como ela mesma diz. Cumpre assim, uma trajetória contrária à estética dominante. No seriado mexicano, ao contrário dos norte-americanos, vê-se um empobrecimento dos personagens de índole boa. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">No humorístico, encontramos ainda o pomposo professor Girafales (Ruben Aguirre), um homem de quarenta anos, culto, que leciona em uma escola pequena, para alunos ricos e pobres, e ganha mal. Nesse caso, nos episódios gravados na escolinha do Chaves, nota-se uma certa antítese do quadro da educação mexicana. No seriado, a escola é para todos, tanto para Chaves e Chiquinha (Maria Antonieta de Las Nieves), que são pobres, quanto para Nhonho, que pertence à classe emergente. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Ainda no cenário político, nota-se a dependência dos menos estudados aos mais esclarecidos. Todos os personagens sofrem influência do Professor Girafales, que é tido, no contexto, como uma pessoa que detém o saber. Todos o respeitam e seguem seus conselhos. Há uma hierarquia, um fluxo não cíclico entre o emissor e o receptor, ou seja, o professor fala, a vila escuta. É uma relação passiva. Quem tem o saber tem o poder. </span></div><br /><div align="justify"><a href="http://jorge.eduardo.zip.net/images/DonaFlorinda.jpg"><span style="font-family:trebuchet ms;"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 211px; CURSOR: hand; HEIGHT: 169px" alt="" src="http://jorge.eduardo.zip.net/images/DonaFlorinda.jpg" border="0" /></span></a><span style="font-family:trebuchet ms;">Outra mudança importante para o cenário mexicano dos anos 70 é a presença da mulher no mercado de trabalho. Alguns anos após estrear o seriado, a personagem de Florinda Meza deixa de ser dona de casa e abre um restaurante. A partir daí, passa a investir sua pensão em um negócio próprio. Nota-se, nesse contexto, uma certa inversão de valores. Por um lado, a mulher exerce poder sobre o homem, por outro, a figura masculina é obrigada a lidar com os afazeres domésticos, como acontece com o Sr. Madruga. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Personagens como Dona Florinda e Sr. Madruga contrapõem, ainda, o jogo hierárquico entre macho e fêmea. Madruga, que cuida da filha Chiquinha, mostra-se uma figura masculina feminilizada: ele passa roupas, lava louças e arruma a casa. Por outro lado, Florinda, além dos afazeres domésticos, é responsável pelo sustento da casa. É emancipada e tem um filho para criar. Por isso, paga as contas do mês e sustenta o lar. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="color:#000099;">No próximo capítulo:</span></strong> Chaves e a crítica social; os personagens e a identidade sócio-cultural do México.</span> </div><div align="justify"></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>Referências:</strong> </span><br /></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;">ECO, Umberto. <strong>Sobre espelhos e outros ensaios.</strong> Rio de Janeiro: Nova Fronteira.</span><br /></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;">GAHAGAN, Judy. <strong>Comportamento Interpessal e de Grupo.</strong> Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980.</span><br /></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;">KASHNER, Pablo. <strong>Chaves de um sucesso.</strong> Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2006.</span><br /></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;">SOARES, Ana Carolina. O astuto homem do barril. <strong>Contigo</strong>. São Paulo, 19/08/2004.</span><br /></div><div align="left"><span style="font-family:trebuchet ms;">VALLADARES, Ricardo. Entrevista com Roberto Bolaños. Veja: São Paulo, 20 out, 1999.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-24600061801841615852008-09-30T12:17:00.000-07:002008-09-30T12:23:23.278-07:00Literatura de latrina: a vida alheia em destaque.<div align="justify"><a href="http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/foto/0,,14144528,00.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand" alt="" src="http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/foto/0,,14144528,00.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;">São Paulo, 25 de setembro de 2008. “Quero que todos os paparazzi morram”, diz Murilo Benício, em reportagem para Ana Carolina Moura, do Portal Terra. No lançamento dos novos produtos Givenchy, no hotel Fasano, em São Paulo, o ator destacou que se sente incomodado ao ser fotografado em seus momentos de folga. "Eles são uma facção e essa perseguição é muito chata" – completa Benício. O intérprete do vilão Dodi, de A Favorita, afirmou que tem vontade de bater nesses profissionais, mas que passou a entender a ignorância das pessoas. Para ele, a solução para acabar com os paparazzi no Rio de Janeiro é uma lei que preserve a privacidade das pessoas.<br /><br />Será que estampar capas de revistas de novelas incomoda o Senhor Benício? É claro que não, afinal, trata-se da promoção do seu trabalho como artista. A publicação que o mantém na mídia é, muitas vezes, escrita por esses profissionais que ele considera chatos e inconvenientes. Primeiro: jornalismo de entretenimento é um mercado rentável. Pode até ser marginalizado pela sua sindicância, mas ainda assim gera muitos empregos e move interessantes negócios. Segundo: privacidade é uma moeda de troca. A partir do momento em que você expõe sua imagem, tem que estar ciente de que a mesma será explorada, para o bem e para o mau.<br /><br />Outra celebridade que não lida nada bem com os paparazzi é Carolina Dieckmann. A atriz, por algumas vezes, assumiu sua arrogância com a imprensa quando abordada fora do ambiente de trabalho. A intolerância da estrela gerou, inclusive, um processo contra a RedeTV!. Carolina entrou na Justiça contra a emissora depois que os personagens Vesgo e Silvio, do Programa Pânico na TV, levaram um guindaste para a frente de seu prédio e filmaram seu filho Davi no apartamento quando ela não estava em casa. Na ocasião, os apresentadores tentavam convencê-la a calçar as ''Sandálias da Humildade''.<br /><br />Em comunicado oficial para a imprensa, a Rede TV! revelou que foi condenada a pagar R$ 35 mil à atriz e que esse valor já foi depositado em juízo. Dieckmann, em matéria publicada no Diário da Manhã On-Line (11/09/08) explicou o motivo de ter tomado a atitude de processar o programa: “Minha maior recompensa será nunca mais ver alguém ser humilhado, por eles ou por quem quer que seja”.<br /><br />Ter a vida pessoal invadida realmente é bastante incômodo. Qualquer atitude, por mais boba que possa parecer, pode tomar proporções monstruosas, passíveis a inúmeras interpretações e a milhares de julgamentos. O artista passa a ser vigiado, suas atividades cotidianas monitoradas e sua intimidade exposta. Como em qualquer meio, o jornalismo de entretenimento tem seus bons e maus profissionais. Há também aqueles que sequer tem o diploma. Sem falar dos oportunistas. Hoje, qualquer idiota com uma câmera na mão pode ser paparazzi.<br /><br />O termo nasceu no filme La Dolce Vita, de Federico Fellini, lançado em 1960. Havia um personagem chamado Paparazzo (Walter Santesso), um fotógrafo. A palavra “paparazzo”, em italiano, significa moscardo, uma espécie de mosca irritante. Nos últimos tempos, a função foi se valorizando e hoje rende excelente faturamento. Os profissionais da agência X-17, a maior de Hollywood dedicada à bisbilhotagem, recebem de R$ 1.300 a R$ 5.000 por semana.<br /><br />Saber de todos os detalhes do casamento da Sandy não leva ninguém a lugar algum. O mesmo acontece com as discussões acerca do Big Brother Brasil. Trata-se, contudo, de um conteúdo que jamais se propôs ser educativo ou denso. Quem lê fofoca está em busca de diversão. Portanto, deixem que os hipócritas, que dizem só ler política e economia, critiquem o jornalismo de entretenimento. São os mesmos que tem no banheiro de suas casas revistas de sociedade e de celebridades No calor do trono, contudo, toda cultura tem seu valor, mesmo que seja para servir de papel higiênico.</span><br /></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-59874461051958814042008-09-24T13:18:00.000-07:002008-09-24T13:29:48.524-07:00Os ídolos e os babacas.<div align="justify"><a href="http://oglobo.globo.com/fotos/2007/12/17/17_MVG_cult_thaeme01.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand" alt="" src="http://oglobo.globo.com/fotos/2007/12/17/17_MVG_cult_thaeme01.jpg" border="0" /></a> <span style="font-family:trebuchet ms;">“Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca.” – diz Arnaldo Jabor em um texto áspero, enviado para milhares de e-mails. O jornalista, em depoimento a CBN Diário, em agosto de 2007, defendeu-se, negando a suposta autoria. Tratava-se, portanto, de mais um dos inúmeros ensaios atribuídos a escritores famosos para tentar ganhar credibilidade e a partir daí se espalhar pela Internet como um vírus de computador. É a infecção da falsa informação.<br /><br />O brasileiro é oras solidário, oras ingênuo. Somos uma nação emotiva e, muitas vezes, trouxa. Nem pretendo entrar no mérito da questão política e ideológica do poder e da dominação. Assim como muitos compatriotas, mantenho minha conduta apolítica, preso a uma ignorância consciente, a qual não me orgulha nem um pouco. Vou me ater à minha área de formação: a televisão. Sendo assim, volto ao princípio desta discussão: o brasileiro é, criticamente, babaca?<br /><br />Falar de <em>Big Brother</em> e discutir nosso caráter de julgamento daria uma extensa tese, afinal, entender os motivos que fazem os telespectadores eleger um participante em detrimento de outro envolve uma ampla discussão psicológica. Por isso, vou deixar este <em>reality </em>comportamental para um outro ensaio e analisar outro programa: o <em>Ídolos</em>.<br /><br />Em sua terceira temporada no Brasil, a atração, em exibição pela Rede Record, vem alcançando índices interessantes, em torno dos 13 pontos. Na fase de audição, a edição mostrou-se leve, descontraída e bastante ritmada. Aos poucos, os jurados conquistaram o seu espaço, apesar das comparações com o quarteto da versão do SBT.<br /><br />Na etapa do teatro, <em>Ídolos</em> eliminou os candidatos bizarros e as atenções voltaram-se para o comportamento e o desempenho dos participantes. A soberania da escolha permanecia nas mãos de Paula Lima, Marco Camargo e Luiz Calainho. Até então tínhamos um programa, se considerarmos o aspecto musical a que se propõe, justo. Agora, na fase das eliminatórias, o poder de decisão está na mão dos telespectadores. E é aí que tudo desanda. Os critérios deixam de ser profissionais e passam a ser afetivos. O público passa a votar à revelia do talento musical: por beleza, por piedade, por simpatia, por pena. Com isso, o resultado sai distorcido e nem sempre os melhores são eleitos. E a audiência vai se esvaindo ralo abaixo.<br /><br />Nas duas primeiras edições, dezenas de injustiças foram cometidas, fazendo com que os próprios jurados questionassem a escolha popular. Participantes de peso foram excluídos, não por rejeição, mas por esquecimento. Por compaixão, muitos candidatos permaneceram no programa e seguiram em frente. Tudo isso pode até ser considerado fútil, afinal, qual a relevância de um <em>reality show</em> para uma sociedade? Esse questionamento, entretanto, evidencia o quanto o brasileiro é influenciável e apresenta a fragilidade do critério de julgamento da população.<br /><br />Nos países desenvolvidos, <em>Ídolos</em> cumpre com seu objetivo e cria verdadeiros fenômenos pops. No Brasil, poucos são os talentos provindos de programas de TV que se destacam na mídia e na indústria fonográfica. Nesta hora, o povo, solidário, escolhe pela emoção e torna-se estúpido. Posso estar falando apenas de um <em>reality show</em>. Esta metáfora, contudo, permite uma boa reflexão, em especial no momento de decisão democrática que o país atravessa. Musical e politicamente, o mercado está infestado de pragas. E cada um ouve o que merece. Depois só não pode ficar ofendido quando for taxado de babaca.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6188243052839518563.post-8252627164479036412008-09-18T12:26:00.000-07:002008-10-08T13:43:47.331-07:00Dramaturgia em crise: a maldição do licenciamento.<div align="justify"><a href="http://foro.telenovela-world.com/~diane/pasiondegavilanes/top.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand" alt="" src="http://foro.telenovela-world.com/~diane/pasiondegavilanes/top.jpg" border="0" /></a> <span style="font-family:trebuchet ms;">A fase água com açúcar da dramaturgia da Band está com os dias contados. Depois de <em>Floribela</em>, <em>Dance Dance Dance</em> e <em>Água na Boca</em>, a emissora realizou uma pesquisa para saber o que o público feminino espera ver nas novelas da casa. O resultado mostrou que a maioria quer tramas com mais ousadia e atrevimento. Empolgada com sucesso da reprise de <em>Pantanal</em>, cujo importante ingrediente é o cenário rural associado à sensualidade, a Band comprou os direitos de adaptação de <em>Passión de Gavilanes</em>, romance colombiano produzido pela Telemundo, Caracol Televisión e RTI.<br /><br />Inversamente proporcional aos investimentos na dramaturgia nacional, a criatividade dos enredos enfrenta uma séria crise de conteúdo. Até mesmo a Record, que passou a investir pesado na produção brasileira, viu-se tentada com a possibilidade de expandir a exportação de suas novelas: assinou um acordo com a rede mexicana Televisa para adaptação de obras de sucesso mundial, como <em>Rebelde</em>. O mesmo recurso já foi utilizado pela Band, que importou da Argentina os direitos de <em>Floribela</em> e obteve excelente faturamento, além do licenciamento de dezenas de produtos.<br /><br />Depois de amargar baixos índices de audiência com a insossa <em>Água na Boca</em>, a Band aposta suas fichas em um investimento em que as prerrogativas não parecem muito otimistas: a produção nacional de mais um enlatado. <em>Passión de Gavilanes</em>, cujos direitos foram recém-adquiridos, já foi exibida pela RedeTV! com o título <em>Paixões Ardentes</em>. Em sua primeira exibição no Brasil, estreou com a responsabilidade de, ao menos, manter os números de <em>Pedro, o Escamoso</em>. O resultado foi desastroso. A obra, escrita por Julio Jiménez e dirigida por Rodrigo Triana, foi interrompida muito antes de concluir o seu ciclo previsto.<br /><br />Na RedeTV!, o folhetim estreou em 29 de março e encerrou em 25 de junho de 2004, sem ao menos apresentar o desfecho dos personagens. O corte gerou a revolta dos telespectadores. Mais de cinco mil e-mails chegaram à emissora de Alphaville. Diante da baixa audiência, menos de 1 ponto, e da dificuldade de comercialização, a diretoria suspendeu irrevogavelmente a exibição de <em>Paixões Ardentes</em>.<br /><br />A versão brasileira de <em>Passión de Gavinales</em> será adaptada por Ecila Pedroso e poderá suceder <em>Água na Boca</em>. O elenco está sendo escolhido pelo diretor Del Rangel. Segundo o site “Estrelando”, nas últimas semanas foi realizado um teste com 250 atores para a seleção dos protagonistas.<br /><br />Das onze telenovelas atualmente em cartaz na Globo, SBT, Record, Band e CNT, cinco são inéditas, uma é <em>remake</em> e quatro são reapresentações. Para os próximos meses, estão programadas as gravações de <em>Rebelde</em> e <em>Passión de Gavinales</em>. Nos bastidores do SBT comenta-se que mais uma obra argentina poderá ser adaptada com atores brasileiros. Enquanto isso, novos talentos são podados, grandes autores aposentados e importantes acervos ressuscitados, como o arquivo radiofônico de Janete Clair, adquirido por Silvio Santos.<br /><br />Chacrinha, ainda nos primórdios da teledifusão, postulou: “na TV nada se cria tudo se copia”. O Velho Guerreiro tinha toda a razão, mas os tempos mudaram e a globalização chegou. A moda agora é pagar pela adaptação. É a imitação sem culpa, cultuada, sem vergonha e de papel passado.</span></div>João Claudio Linshttp://www.blogger.com/profile/06211353483196352035noreply@blogger.com0