Participação de Maísa no Programa Silvio Santos
Desligar a televisão e propor outras atividades pode ser uma boa oportunidade de distrair as crianças no início da noite. No entanto, estamos no Brasil, um país subdesenvolvido, repleto de proletariados que trabalham muito além da carga horária ideal. Uma nação que cultua a babá eletrônica e que vê nela uma forma eficaz de ocupar a mente dos pequenos ociosos.
Nas redes abertas, as únicas alternativas viáveis de oferecer entretenimento de qualidade são as TVs Educativas, muitas vezes escondidas em sinais UHF. De fato, os canais comerciais vivem de faturamento. Investir em um público segmentado, no horário noturno, é arriscado e pode comprometer as vendas. Algumas dessas emissoras, contudo, já apostaram em dramaturgia para as crianças. Experiências ousadas que obtiveram boa audiência e excelente faturamento.
Os primórdios da dramaturgia infantil
A televisão ainda engatinhava. Algumas poucas telenovelas já haviam sido exibidas quando a TV Tupi lançou, baseada na obra homônima do escritor alemão Hans Erich Seuberlich, Angelika, voltada especialmente ao segmento infantil. O folhetim, exibido em 1959, era exibido ao vivo, em preto e branco. Como não havia videoteipe, não restaram registros desta obra. Apenas fotos e lembranças de uma produção ingênua, bem caprichada para a época.
As produções recentes: as novelas musicais de Cris Morena adaptadas no Brasil
Um orfanato, um triângulo amoroso, uma governanta mal amada e crianças à mercê da caridade alheia: os ingredientes perfeitos para um dramalhão repleto de clichês. Ledo engano. Essa fórmula, criada por Cris Morena em 1995, atravessou a Argentina, sua nação de origem, e conquistou diversos países, incluindo aqueles com forte vocação em dramaturgia, como o Brasil e o México. A trama, batizada de Chiquititas, teve a sua versão brasileira produzida entre 1997 e 2000, com cerca de 700 capítulos, exibidos com algumas pequenas pausas durante as férias. O grande destaque da trama exibida pelo SBT, contudo, não foi propriamente o seu enredo, mas sim os seus interessantes musicais, com temas lúdicos e rimas fáceis. O formato musicado de Morena obteve enorme aceitação. Empatia que gerou uma farta receita publicitária, com o lançamento de bonecos, revistas, peças de teatro, CDs e muitos outros badulaques com a marca da novela.
A mesma autora teve outra trama bastante popular no Brasil, desta vez na Band: Floribela. Voltado para todas as idades, o folhetim teve duas temporadas, aproximadamente 340 capítulos e dois álbuns com a trilha sonora original. O recurso do videoclipe, assim como em Chiquititas, foi amplamente utilizado. A linguagem jovem e o visual multicolorido inspiraram muitas crianças e pré-adolescentes, que tinham à disposição dezenas de produtos licenciados.
A dramaturgia infantil brasileira
Basta um zapping. Uma rodada entre os canais abertos para comprovar a inadequação da programação televisiva para as crianças. No SBT, o apresentador Ratinho esquenta a audiência noturna, passando o bastão para séries enlatadas, incapazes de incitar nos pequenos qualquer tipo de reflexão aproveitável. Na Band, a situação piora. Entre berros e matérias que apelam para uma carnificina desenfreada, Datena destila comentários violentos, ilustrados por imagens fortes e impactantes. Trocando de emissora, na RedeTV!, é possível encontrar algo um pouco mais apropriado, mas ainda bem distante do ideal: os desenhos violentos do TV Kids. O problema está logo depois da sessão de animes, no apelativo TV Fama, com bastidores de ensaios sensuais, matérias fúteis e “flagras” sobre a vida dos “famosos”. Muda de estação. Na Globo, aquela velha fórmula de sempre: novela 1, jornal, novela 2. São folhetins um pouco mais leves, mas que trazem mensagens adultas e assuntos polêmicos. Na Record, um respiro: o antiquíssimo Pica Pau, seguido de outros produtos jornalísticos. Filtrando a grade das principais emissoras comerciais, das 17h às 20h, eis o resultado do que poderia ser assistido pela garotada: um cartoon da década de 50 e desenhos japoneses.
Desligar a televisão e propor outras atividades pode ser uma boa oportunidade de distrair as crianças no início da noite. No entanto, estamos no Brasil, um país subdesenvolvido, repleto de proletariados que trabalham muito além da carga horária ideal. Uma nação que cultua a babá eletrônica e que vê nela uma forma eficaz de ocupar a mente dos pequenos ociosos.
Nas redes abertas, as únicas alternativas viáveis de oferecer entretenimento de qualidade são as TVs Educativas, muitas vezes escondidas em sinais UHF. De fato, os canais comerciais vivem de faturamento. Investir em um público segmentado, no horário noturno, é arriscado e pode comprometer as vendas. Algumas dessas emissoras, contudo, já apostaram em dramaturgia para as crianças. Experiências ousadas que obtiveram boa audiência e excelente faturamento.
Os primórdios da dramaturgia infantil
A televisão ainda engatinhava. Algumas poucas telenovelas já haviam sido exibidas quando a TV Tupi lançou, baseada na obra homônima do escritor alemão Hans Erich Seuberlich, Angelika, voltada especialmente ao segmento infantil. O folhetim, exibido em 1959, era exibido ao vivo, em preto e branco. Como não havia videoteipe, não restaram registros desta obra. Apenas fotos e lembranças de uma produção ingênua, bem caprichada para a época.
As produções recentes: as novelas musicais de Cris Morena adaptadas no Brasil
Um orfanato, um triângulo amoroso, uma governanta mal amada e crianças à mercê da caridade alheia: os ingredientes perfeitos para um dramalhão repleto de clichês. Ledo engano. Essa fórmula, criada por Cris Morena em 1995, atravessou a Argentina, sua nação de origem, e conquistou diversos países, incluindo aqueles com forte vocação em dramaturgia, como o Brasil e o México. A trama, batizada de Chiquititas, teve a sua versão brasileira produzida entre 1997 e 2000, com cerca de 700 capítulos, exibidos com algumas pequenas pausas durante as férias. O grande destaque da trama exibida pelo SBT, contudo, não foi propriamente o seu enredo, mas sim os seus interessantes musicais, com temas lúdicos e rimas fáceis. O formato musicado de Morena obteve enorme aceitação. Empatia que gerou uma farta receita publicitária, com o lançamento de bonecos, revistas, peças de teatro, CDs e muitos outros badulaques com a marca da novela.
A mesma autora teve outra trama bastante popular no Brasil, desta vez na Band: Floribela. Voltado para todas as idades, o folhetim teve duas temporadas, aproximadamente 340 capítulos e dois álbuns com a trilha sonora original. O recurso do videoclipe, assim como em Chiquititas, foi amplamente utilizado. A linguagem jovem e o visual multicolorido inspiraram muitas crianças e pré-adolescentes, que tinham à disposição dezenas de produtos licenciados.
A dramaturgia infantil brasileira
No Brasil, várias novelas foram direcionadas para o público infanto-juvenil. Algumas delas contiveram apenas núcleos com a garotada, enquanto que outras assumiram completamente essa segmentação, com histórias criativas e alguns personagens fantasiosos. Destaque para o “Meu Pé de Laranja Lima” (Band) e “Caça Talentos” (Globo).
O trunfo da dramaturgia infantil brasileira, entretanto, está nos seriados, com forte destaque para a TV Cultura, ganhadora de diversos prêmios por suas produções. A trilogia Ra Tim Bum, do escritor e diretor Flávio de Souza, foi sucesso de crítica e já garante o seu status de “clássico”. Outros títulos merecedores de aplausos: O Menino Maluquinho, Cocoricó e Turma do Pererê. Até mesmo as TVs comerciais já tiveram seus dias de glória, com o Sítio do Picapau Amarelo, Vila Sézamo, Shazan, Xerife & Cia, além dos programas especiais, como os inesquecíveis Pluct Plact Zum e A Arca de Noé.
O diagnóstico
A TV aberta amarga uma das piores safras de atrações infantis da história. Destaque para o lastimável desempenho da pequena Maísa no Programa Silvio Santos. A menina tinha sua intimidade invadida todo domingo e frequentemente era ridicularizada no palco. Uma exposição desnecessária que pode trazer sérias consequências para a garota.
Diante deste cenário, fica a pergunta: existe diversão saudável na TV aberta? A resposta é afirmativa. Basta sintonizar as redes públicas. Nelas, é possível encontrar opções inteligentes de entretenimento que podem contribuir efetivamente para o desenvolvimento das crianças. Outra boa alternativa são os canais pagos. O lamentável é que, aqui no Brasil, o acesso aos bons serviços é cobrado. Em outras palavras: filho de pobre tem que se contentar com as imbecilidades da Xuxa. Deve enfrentar as filas do SUS quando ficar doente e se submeter à educação precária da rede pública. Essa é a realidade do nosso país. Os humildes são nutridos pela ignorância e pelo total esvaziamento intelectual, desde muito cedo. A televisão, mais do que entreter, passou a cumprir um caráter educacional. Função que nunca foi dela. Assim, em vez de contribuir na formação dos indivíduos, a TV deforma esse processo. Quer saber mais? Pergunte para a Maísa.