terça-feira, 5 de maio de 2009

O Diário Secreto do Superpop.

Luciana Gimenez

A nova música de Rita Cadilac, o lançamento do filme pornô de Julia Paes, o mais recente hit de MC Créu, as confissões de Thamny Gretchen e a banheira erótica da Mulher Moranguinho: estas são algumas atrações do Superpop, exibido de segunda a quinta-feira por Luciana Gimenez. Há quase dez anos no ar, o programa aposta no grotesco e no sensacionalismo, com temas – e factóides – polêmicos, geralmente acompanhados de um ar kitsch de jornalismo investigativo. O ambiente perfeito para sub-celebridades armarem os seus barracos e discutirem futilidades, que, na maioria das vezes, não levam ninguém a lugar algum.

Em sua primeira fase, ancorada por Adriane Galisteu, o Superpop teve uma roupagem jovem, com tons explicitamente inspirados na cultura pop. O DJ Zé Pedro, com seu vestuário extravagante compunha um mix bastante divertido. Mesmo com um orçamento enxuto, a pauta era criativa e variada, atraindo, segundo pesquisas daquele ano, mulheres entre 25 e 40 anos e médias em torno dos 3 pontos, significativos para uma emissora iniciante.

Dez meses depois, Galisteu, sem aviso prévio, trocou a RedeTV! pela Record. O golpe foi tão imprevisto que uma solução de emergência teve de ser arquitetada. Assim, Otávio Mesquita e Fabiana Saba foram escolhidos para cobrir o buraco. De mãos atadas, os diretores sentenciaram que a escolha da substituta de Adriane seria anunciada por votação direta dos telespectadores. Além de Luciana Gimenez, várias opções foram cogitadas, como Monique Evans, Astrid Fontenelle, Susana Werner, Rita Lee, Luana Piovani e Cátia Fonseca.

Apesar de não ter sido a candidata mais votada pelo público - que elegeu Monique Evans como preferida - Luciana foi a felizarda "por se encaixar mais com o perfil do programa". Logo em sua estréia, a ex-modelo foi implacavelmente achincalhada por causa dos deslizes que cometia contra a língua portuguesa, fruto de doze anos de vivência no exterior. Em entrevista para a Revista TPM, a apresentadora mostrou ter superado todas as críticas: “Eu mudei do Brasil com 16 anos e perdi a fluência. As pessoas que ‘jo­garam pedra na Geni’, hoje se sentem cul­padas e têm um carinho extra por mim” - completa.

Questionada sobre a qualidade dos temas exibidos no palco, Luciana responde com ironia. Diz não se tratar de baixaria, mas de conflito social. Relembra, ainda, as importantes entrevistas e matérias que realizou. Destaques para Fernando Col­lor, Britney Spears, Bryan Adams, Mi­ck Jagger e Marta Suplicy. Defende também já ter privilegiado pautas de interesse público, como parto na á­gua, HPV e cân­cer de mama. Esses assuntos, contudo, não rendem bons índices no Ibope, segundo o parecer da apresentadora.

A receita da “popularidade” é previsível: sensacionalismo barato, manchetes chamativas e pautas extravagantes. Para acalorar o espetáculo, participam modelos, parentes de famosos, ex-BBBs, garotas de programa, médicos e especialistas, discutindo, juntos, temas polêmicos, como homossexualidade, prostituição, cirurgia plástica e religião. Às vezes, o debate toma rumos inadequados, com opiniões de quem pouco ou nada sabe do que está falando. Patético!

Outra característica reincidente é a predileção por certos convidados, como Thammy Gretchen. A filha da rainha do rebolado sempre entra em cena para abordar a sua orientação sexual: desabafo, desculpas à mãe, filme pornô gay, desejos e relacionamentos. Com intuito de apimentar a contenda, a produção escala alguns “antagonistas”, que se prestam a espezinhar a moça, com comentários homofóbicos. Arma-se, então, um barraco esdrúxulo, com direito à gritaria da platéia e às caras de bocas de Gimenez.

O programa conta ainda com vários outros quadros, como “O Diário Secreto”, um rascunho do “Arquivo Confidencial” do Faustão. Só que, em vez de Regina Duarte no papel de homenageada, o centro das atenções é Bruna Surfistinha. Há também os desfiles de moda, às quartas-feiras, em que moças desfilam lingeries no palco. A união perfeita do merchandising com o apelo erótico. Em seguida, entra Ronaldo Ésper, com a sua avaliação da roupa dos famosos. O estilista, depois do caso do roubo de vasos no cemitério, ganhou um pouco de senso do ridículo, mas não o suficiente para impedi-lo de dançar suas músicas. Por fim, tem o insuportável “Popparazo”, um rapaz que persegue as celebridades com a sua câmera. Nas imagens, flagras imperdíveis, como a Gretchen comendo pastel de carne, Vivi Fernandes tomando caldo de cana com um “suposto affair”, e outras pérolas do gênero.
Crééééu

Na tentativa de elevar o nível da atração, a RedeTV! buscou promover, em dias específicos, pautas jornalísticas e investigativas, como "Na mira da mídia”, um quadro que mostra apenas os casos mais conhecidos e batidos da semana. Destaque para a entrevista de Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina Jatobá, entrevistado sobre o suposto crime que a filha teria cometido. Outra edição controvérsia foi protagonizada pelos sargentos Laci Marinho de Araújo e Fernando de Alcântara Figueiredo. O interrogatório se transformou em um show, quando ao vivo, foi informada a prisão de Araújo pelo Exército.

Esta postura mais séria do Superpop, contudo, não cobriu com sucesso nem a proposta inicial de entretenimento, tampouco a cobertura de informações jornalísticas. Assim, a direção resgatou, sem grandes inovações, um velho formato, que fez muito sucesso em meados da década de noventa: a “banheira”. Em vez da água, todavia, apostaram em um novo ingrediente: o chantili. Tudo para justificar a presença da insinuante Mulher Moranguinho, incumbida de impedir com que os rapazes recolham as frutas. Um verdadeiro show pornô, com picantes closes ginecológicos. O mesmo esquema do falecido quadro do Gugu, mas em um horário bem mais permissivo.

O mais curioso é que o Superpop não é tão povão como sugere seu nome. Seu perfil é altamente qualificado, assistido diariamente por cerca de 250 mil telespectadores (só na Grande São Paulo), de clas­ses predominantemente A e B, segundo o Ibope. A audiência também é interessante, uma das maiores da RedeTV!. É o típico programa que as pessoas escondem acompanhar. Muitas delas se dizem abduzidas no momento do zapping. Pura balela! As madames também apreciam uma boa baixaria na TV, desde que salvaguardadas no silêncio de suas salas. O trash seduz. Quem nunca foi atraído que atire a primeira pedra.

Um comentário:

Anônimo disse...

esse problema Super Pop é pior televisão Brasileira..